Independente de religião o espírito natalino costuma nos envolver no final do ano.
Percebo os primeiros sinais com a chegada dos panetones nos supermercados, este ano levei um susto quando em outubro eles apareceram.
É, não deu para entusiasmar…
As ruas e shoppings até fizeram decoração, mas as crianças visitaram um Papai Noel virtual.
Aqui em casa pensei que pela primeira vez não faria a árvore, mas um pedido da família é irrecusável e lá fui eu.
Enquanto pendurava os enfeites passou na minha cabeça um filme dos anos anteriores. Como já contei, sou descendente de asiáticos e em casa exercíamos uma diversidade religiosa onde a árvore de natal, presépio, ceia e festa de réveillon não faziam parte dos costumes.
Acho que tinha uns 7 anos de idade quando propus para os meus pais que seria a responsável pela decoração natalina, pedi que comprassem uma árvore e enfeites, queria colocar dentro de casa o que via na escola, nas casas dos vizinhos, nas lojas e nas ruas.
Naquela época os enfeites eram de vidro colorido, lindos e muito frágeis…para uma menina um pouco estabanada como eu era um exercício de malabarismo e atenção, tudo tinha que ser feito com muito cuidado.
Virei adulta, continuei com a incumbência, casei e com a chegada dos filhos decorar a casa para o Natal ficou mais divertido com a participação deles.
Condizente com a realidade atual, as campanhas publicitárias refletem a necessidade do distanciamento, das reuniões familiares online, do uso das máscaras e do novo jeito de receber presentes: pelo correio ou deixando na porta da casa.
Sem abraços apertados, beijos nas bochechas e olhos nos olhos… hoje sentimos a falta do contato físico, das aglomerações familiares e das festas de confraternização das empresas.
Na nossa associação, a Elis teve a ideia de organizar um amigo secreto virtual e fui surpreendida com a adesão e animação de todas, mandando bilhetes anônimos, mensagens no grupo com dicas do que gostariam de ganhar, endereços para receber o presente. Cidades diferentes e mulheres únicas que aprenderam a compartilhar vivências online.
Foi um ano atípico e inesquecível que vai marcar nossas vidas para sempre, a geração que viveu a 2°Guerra criou o hábito de não desperdiçar nada, seja alimento ou dinheiro. Nós que passamos por essa pandemia iremos sair com o hábito de externar sentimentos.
Imagina o mundo livre para abraços? Com direito de externar o amor, amizade, gratidão ao vivo e a cores?
Imagina as amigas novamente se reencontrando para conversas nos cafés e restaurantes.
O maior aprendizado foi que o que realmente importa para nós são as pessoas e não as coisas, deixamos o supérfluo ser completamente desnecessário e o amor e amizade fundamentais para nossa sobrevivência.
Quero deixar meus votos de um Feliz Natal para todos, vamos comemorar de um jeito diferente, mais austero, mas com esperança e fé por novos tempos, com força renovada e acreditando no amanhã.
Lilian Schiavo
Imagens: Freepik
Uma resposta
A Lilian e o tipo de pessoa que encanta logo ao falar, parece tímida, mas quando se apresenta logo cativa a todos, além de tudo um coração pra lá de generoso e uma mulher forte e decidida de que por mais árduo o caminho ela enfrenta. Quando escreve transmite exatamente isso reflexão, fe e esperança. Obrigada por existir em nossas vidas.