Lilian Schiavo: Finitude

Ainda estou sem acreditar, mas vou contar o que aconteceu.

Pode ser ue você diga que não tem nada a ver com isso, mas também pode ser que você se identifique com minha história.

Recentemente, perdi meu melhor amigo, o nome dele era Mauro, o conheci em 1977 na Faculdade de Arquitetura Mackenzie e desde então nos tornamos inseparáveis. Durante estes 45 anos permanecemos grudados, ele foi meu padrinho de casamento junto com sua mãe, a Dona Nilza.

Inspirada por ele, fui estudar inglês no Hawaii Loa College e aprendi como é bom estar sozinha num país estranho, com outro idioma, outra moeda e outros costumes.

Um arquiteto com uma inteligência acima da média, uma cultura extraordinária, amante da sétima arte, da literatura e um primoroso culinarista.

O Mauro sofria de dores crônicas e talvez por isso desenvolveu um grandioso sentimento de compaixão e empatia. Acredito que cada amigo dele tem uma ou várias histórias em que o Mauro apareceu de repente para ajudar.

Há alguns anos atrás, ele me ligou desesperado para perguntar se eu havia realizado exames de check up pois duas de nossas amigas haviam sido diagnosticadas com câncer. Ele não só as acompanhou, mas apoiou, encorajou e se especializou em preparar pratos especiais para elas.

Sem dúvida, seu maior talento era ser um cuidador, ele cuidava de todos nós, de nossas famílias, de nossos filhos e principalmente de sua mãe. Dava conselhos, nos protegia, fazia com que cada uma de n ós se sentisse especial e única.

Na última vez que nos encontramos, ele comentou que gostaria de se mudar para um lugar sossegado, acordar com o canto de pássaros, rodeado da natureza, quem sabe, perto de um lago, com animais e uma horta.

Hoje, imagino que ele esteja no paraíso, num lugar assim, do jeito que ele queria, em paz e sem dor.

A vida é um sopro, um minuto, um sopro de Deus para nascer, um sopro de Deus para morrer, o que fica é a saudade, é o amor que demos e recebemos.

Finitude e morte digna - Portal do Envelhecimento

Do seu jeito, o Mauro preencheu nossas vidas com muito amor, compreensão e carinho.

Ficou a lição que certas coisas não devem ser postergadas, então, aproveite para externar sua gratidão, seu amor, a amizade, não tenha vergonha de dizer “eu te amo”, deixe o orgulho de lado e peça desculpas quando errar, faça as pazes se brigar, tenha consciência do que realmente é importante nesta vida.

Vamos seguir com leveza na alma,  com o coração em ritmo de música, com a certeza de que tudo tem que valer a pena, viver cada dia como se fosse o último, sendo a melhor versão de você mesma.

Lilian Schiavo

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem: Montreal Quebec Latino

 

 

 

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