Fui convidada para palestrar no encerramento de um curso de Relações Internacionais, seria uma master class e me lembrei da sensação de missão cumprida e alívio quando consigo finalizar mais um curso, é, confesso que sou uma serial student, se é que esse termo existe, melhor dizer que sou um eterno aprendiz.
Gosto de gente que como eu escala degrau por degrau para se capacitar, aprender, questionar e inovar. Viver estreias, recomeços, esperançar e ter humildade para voltar a ser aluno mesmo tendo idade madura e alguns diplomas na parede.
Pensei na grande responsabilidade de falar para estes estudantes na última aula do curso e queria que eles guardassem na memória uma mensagem inspiradora.
Uma característica dos internacionalistas é a diversidade, tem padeiro, advogado, artista plástico, professora de dança, formado em comunicação social, medicina veterinária, de tudo um pouco.
Com professores de vários países e diferentes continentes era de se esperar que encontrasse uma aluna com um sotaque diferente, no caso, uma angolana que atualmente mora em Portugal e driblou bravamente a diferença de fuso horário, confesso que quase pedi aplausos para ela por sua força e dedicação, absorvendo cada palavra como se fosse um alimento.
Mais do que dados técnicos e estatísticas eles queriam ouvir cases de sucesso e de fracassos e principalmente as gafes cometidas por desconhecimento da cultura de outros países, ressaltando a importância da diplomacia corporativa e da paradiplomacia.
A esta altura, você deve estar pensando que erraram no título do texto, vai ver queriam escrever a fórmula da água, H2O e puseram H2H, mas o que isso tem a ver com a master class?
Citando exemplos práticos de comércio internacional, enfatizei que devemos deixar de pensar somente em B2B, Business-to-Business, modelos de negócios onde temos empresas que vendem produtos ou serviços para outras empresas, pessoa jurídica para pessoa jurídica ou B2C, Business-to-Consumer onde pessoas jurídicas (empresas) vendem soluções diretamente para o consumidor final (pessoa física).
Num mundo onde tenho que provar que não sou um robô fica clara a importância do H2H, Human to Human, afinal, pessoas interagem com pessoas, se conectam, se relacionam e concretizam negócios.
E como em qualquer relacionamento interpessoal, inicia com os dois lados se conhecendo, adquirindo confiança um no outro, entendendo seu jeito de pensar e agir, e não estou falando de namoro, mas sim de um caminho percorrido para fechar contratos com outros países e outras culturas apesar das barreiras de idiomas, de fronteiras físicas, culturais e comportamentais.
É por isso que existe a necessidade de profissionais internacionalistas que facilitam as relações entre empresas, órgãos governamentais, entidades internacionais em várias áreas: política, militar, cultural, comercial, legais de direitos civis.
Cresci ouvindo que o que é realmente importante, não se pode comprar, não dá para ir ao supermercado e adquirir pacotes de amor, frascos de amizade, família em caixa, garrafas de paz, felicidade em lata e potes de saúde.
Estamos falando de valores, de conexões humanas, de sentimentos… definitivamente, atrás de todo CNPJ existe um CPF para lembrar a importância da humanização, da ética e empatia, para lembrar que contratos são fechados com um aperto de mão e olho no olho.
De humano para humano, é assim que movimentamos a roda da economia.
Lilian Schiavo
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Imagem: Eu sem fronteira