Lilian Schiavo: Inteligências

Meu pai tinha algumas manias engraçadas, ele não tinha hobbies, não fumava nem bebia e por conta de uma saúde frágil, não frequentava piscinas nem praias, tinha uma vida regrada, sem excessos.

Pertenço àquela geração que buscava o gabarito das provas vestibulares nos jornais, e desde pequena lembro do meu pai respondendo às perguntas dos vestibulares, para ele era um desafio, assim como algumas pessoas se divertem com palavras cruzadas ou sudokus, meu pai queria saber se ainda conseguia responder as questões de física, química, biologia e demais matérias dos exames.

Ele passava horas pensando, totalmente entretido, para depois conferir se teria ingressado na faculdade de medicina novamente.

Outra diversão era submeter a família a testes de QI, confesso que não via muita graça em medir meu quociente de inteligência com questões sobre lógica, matemática ou noções espaciais, mas para ele, isso era muito importante.

Virei adulta e um dia ele apareceu todo empolgado falando sobre a descoberta de outros tipos de inteligência, afinal, a inteligência não se resumia apenas a capacidade de tirar boas notas escolares, dizia respeito também a inteligência para os esportes, a música e a dança.

Então, surge o conceito da inteligência emocional, a capacidade de identificar e lidar com os sentimentos pessoais e de outros, é ter autoconhecimento e ser capaz de controlar as próprias emoções,  é exercer compaixão e empatia, é saber se relacionar com as pessoas, tudo isso também é inteligência!

Costumo falar sobre a importância do aprendizado contínuo e como exemplo, ontem participei de uma aula introdutória de um novo curso: Cultura e Negócios no Mercado Árabe, aprendi muito sobre o feminismo islâmico, o mercado halal, acordos internacionais, questões como crenças, valores e percepção de poder.

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Então, veio a tona a inteligência cultural, uma habilidade de ser flexível para assimilar outra cultura, ter vontade de aprender, capacidade para redefinir conceitos e modificar comportamentos para se tornar uma pessoa mais compreensiva com as diferenças de cultura e costumes.

Construir pontes ao invés de muros, criando um relacionamento saudável sem ser conflitivo ou excludente, apenas deixando o outro ser quem é, do jeito que está acostumado, sem querer impor as suas regras e hábitos, sem julgar.

O mercado halal é fascinante, vai muito além das proteínas, engloba alimentos, cosméticos, vestuário, turismo, fármacos, mídia e finanças, mas o que mais me chamou a atenção foi a importância das habilidades sociais na cultura organizacional.

Segundo o autor David Livermore, a inteligência cultural é “a capacidade de funcionar efetivamente através de culturas nacionais, étnicas e organizacionais”.

Na esfera profissional, se refere às capacidades e habilidades que um indivíduo possui para se adaptar e se relacionar efetivamente com situações que envolvem culturas diferentes.

Então, se você está pensando em internacionalizar sua empresa, exportar ou mesmo morar fora do Brasil, comece a exercitar e treinar sua inteligência cultural, ouse, aprenda, se eduque, prove novos sabores, viaje, mesmo que for através da internet, conheça novos lugares, outros usos e costumes, faça amizade com pessoas de outros países, se esforce para aprender outros idiomas, leia, pesquise, cresça, seja curiosa e inovadora.

Você é a única responsável pelo tamanho do seu sonho e do seu limite, amplie sua visão de mundo e viva a melhor versão de si mesma”

“O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram.” Jean Piaget

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Imagem: Freepik

 

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