Quando ouvimos a palavra real podemos pensar em duas coisas, realidade ou realeza.
Pensei nisso ao ouvir relatos de mulheres líderes num evento institucional, todas elas são profissionais atuantes e competentes e vieram de diversos estados do país.
Uma delas trouxe o filho de 9 anos e pelo que observei, estava habituado a acompanhar a mãe em reuniões de negócios e congressos pois estava muito à vontade, caminhando com segurança no meio de nós.
Recordei que também andava com minha mãe para cima e para baixo; no consultório médico eu ajudava preenchendo as fichas, nas cirurgias ficava observando empoleirada numa escadinha através de uma janela redonda, acompanhava nas visitas às pacientes, conhecia os funcionários como se fossem família e os corredores do hospital como se estivesse em casa… provavelmente hoje isso não seria possível e considerado politicamente incorreto.
Mas naquela época me orgulhava de caminhar de mãos dadas com a Dra. Olga, uma médica revolucionária, visionária, batalhadora e rebelde, uma mãe que me presenteava com livros da Simone de Beauvoir e me dizia que mulheres precisam estudar, ter uma profissão, ser independente e dona da própria vida.
No evento, comecei a conversar e uma delas contou que era a filha primogênita de uma mãe solo, responsável por cuidar do irmão mais novo enquanto a mãe trabalhava, um dia ela esqueceu a panela com óleo no fogão ligado e uma vizinha bateu na porta para saber o motivo de tanta fumaça, mas, ao tentar ajudar, jogou água na panela e o fogo se espalhou pela cozinha… imagine que estrago, quando a mãe chegou encontrou um tumulto na porta da casa e um caminhão de bombeiros, todos sãos e salvos mas com tetos e paredes chamuscadas.
Outra se identificou com a história e contou que também era a mais velha e cuidava dos irmãos e da casa, uma vez enquanto estava limpando os vidros com álcool, o irmão pequeno bebeu todo o frasco!! Ao perceber, saiu correndo com o irmãozinho no colo, gritando pela rua, pedindo ajuda aos vizinhos que os levaram ao hospital. Também desta vez, felizmente um final com todos sobreviventes, sãos e salvos.
Com vidas diferentes, outras duas contaram que eram filhas de advogadas renomadas, que estudaram em escolas particulares e tiveram a oportunidade de morar no exterior, elas refletiam como espelho o sucesso das mães.
Em comum, todas conquistaram seu lugar ao sol, cada uma do seu jeito, passaram por momentos de incertezas e insegurança, tiveram que batalhar e superar seus medos mas agora estavam todas juntas, fazendo parte da mesma organização e compartilhando do mesmo propósito.
Deu orgulho conhecer e escutar cada uma delas, mulheres reais, com histórias de superação e resiliência.
Fica uma dica para quando chegar numa reunião e não conhecer ninguém, pegue uma xícara de chá e sente-se para ouvir histórias inspiradoras, afinal, todas percorreram um longo e difícil caminho e estão dispostas a contar como atingir o seu lugar no pódio.
Quando mulheres se encontram, coisas incríveis acontecem!
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