Fe Bedran – Arte na TV: Uma viagem ao passado

Hoje, continuaremos com mais um capítulo sobre o Design Gráfico na Produção de Arte: o de programas de “Época”, uma verdadeira viagem no tempo. Com muita pesquisa e riqueza de detalhes, os designers e produtores de arte conseguem reproduzir jornais, cardápios, passagens de trem, boletins escolares, documentos, enfim, toda a ambientação e material de cena necessários para fazer com que o telespectador realmente acredite que está numa jornada ao passado.

 

E é muito interessante observar a evolução do design gráfico através dos tempos, examinando as diferentes produções para televisão. Tomemos por exemplo, um mero jornal.

 

 

Reparem nas diferentes diagramações, tamanho, formatos, cores, ausência de cores, e tipografia dos três jornais de diferentes épocas, sem contar as diferenças ortográficas ao longo dos anos.

 

Comparemos estes dois avisos de “Procurados”.

 

 

O primeiro, um “western brasileiro” estilizado, reflete com perfeição as peculiaridades do Sertão Nordestino Brasileiro na época do Cangaço, final do século XIX e começo do XX, com pitadas de fantasia “walt-disneyianas”. Já a segunda, retrata nua e cruamente a época árida da ditatura no Brasil.

 

Aprofundando-se mais ainda nas águas da fantasia, examinemos toda a produção gráfica feita para “Cordel Encantado”, 2001, que por si só já é um encanto. Brasões, bandeiras, e documentos criados para os reinos fictícios de Seráfia do Norte e Seráfia do Sul na Europa, e fotos do elenco tratadas para se encaixarem à arte fotográfica da época. A liberdade da obra de ficção se aliou à criatividade e genialidade do designer, para explorar a riqueza gráfica daquele período da Art Nouveau Europeia.

 

 

Já em terras brasileiras, adicionou-se um quê de tropicalismo à programação visual. O sépia predominante que indica ao telespectador que o mesmo está “no passado” se uniu ao colorido da flora brasileira, num conjunto harmonioso e tropicalista retrô.

Veja Também  Fe Bedran -Arte TV: Em busca do nome perfeito

 

 

Reparem nas diferentes grafias: Estrella (com  LL), Paiz (com z) seguindo fielmente as regras ortográficas do início do século XX. Ficção ou não, o belo Português precisa ser respeitado.

 

Falando em fantasia, não podemos deixar de mencionar a belíssima (e deliciosa!) programação visual feita para a novela “Chocolate com Pimenta”, 2004. Abaixo, alguns rótulos feitos para os mais variados tabletes de chocolate, bombons, latas e caixas, e a linda embalagem com fechamento de pimentas recortadas e entrelaçadas.

 

 

Voltando um pouco mais no tempo, vamos para o início do século XIX, época da vinda de D. João VI para Brasil, até o falecimento de D. Pedro I em 1834, e analisemos alguns exemplos da produção gráfica do “Quinto dos Infernos”, 2002.

 

Observem o excelente resultado da mistura da produção gráfica com a escrita à mão, ou melhor, à caneta de pena. Reparem também no tom sépia dominante, aplicado no próprio design ou manual e fisicamente (café, pó xadrez, lixa e vieux chêne são algumas técnicas). Notem também os diferentes tipos de papel, de cores, gramaturas e transparência variadas, utilizados nos impressos.

 

 

Mais uma vez, a grafia da época sobressai aos olhos dos mais atentos. O lacre de cera dá o toque final e oficializa o documento.

 

 

Na semana que vem, voltamos com mais curiosidades. Até a próxima!

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Respostas de 6

  1. Na parte do Bandeiras escuros dos
    Reinos você poderia ter achado imagens melhor tá tudo cortado Eu quase não dá para ver nada e o que eu mais queria era as bandeiras e os escudos

  2. Lindo trabalho!! As embalagens de bombons são impecáveis. Sou design em formação e adoro esse universo de desenvolvimento de projetos gráficos para novelas de época. Gostaria muito de visualizar mais detalhes das peças da fábrica, parabéns!

    1. Que bom que gostou Miguel! Faz muito tempo que não contribuo para a coluna do Luiz Andreoli. Abraços! Espero poder voltar logo

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