Fe Bedran: Produção de Arte – O papel-adereço

Na semana passada mostramos um lado do trabalho dos Aderecistas na Produção de Arte como uma grande gráfica manual e artesanal de papelaria personalizada. Vimos que com ferramentas simples como cola, tesoura e estilete, papéis impressos dão vida e identificação visual a hospitais, recepções de hotéis, escritórios, restaurantes, escolas, entre outros ambientes e cenários.

 

Hoje, mostraremos a evolução do papel e sua transformação no próprio Adereço, como objeto de cena ou decoração de cenário. Veremos o papel adquirindo forma e volume e se tornando tridimensional. Contemplaremos a arte da dobradura de papel e suas criativas aplicações. Examinaremos como o papel, uma vez dobrado, vincado ou pregueado se “desdobra” em múltiplos exemplos de adereços.

 

Uma das formas mais originais da arte em papel é o Origami: arte de fazer pequenas esculturas com dobraduras de papel. Sua origem ainda é discutível (Japão, Coréia ou China), mas a palavra como a conhecemos vem do japonês: ori (dobrar) e kami (papel). Para os origamistas puristas, o ato de dobrar o papel representa a transformação da vida. O papel não pode ser cortado, colado ou desenhado, pois estes atos desonrariam os espíritos das árvores que lhe deram vida. Com o passar dos séculos, essas limitações foram atenuadas com o uso de novas técnicas.

 

Hoje, observaremos como esta arte do Origami, aliada a outras técnicas manuais e artesanais, é uma poderosa ferramenta artística e criativa na mão de talentosos Aderecistas. Vejam o exemplo abaixo: que bela solução adotada pela Produção de Arte e pela Aderecista como presente de visita em hospital. As regras de etiqueta e higiene foram respeitadas e o presente ficou romântico, belo e criativo, transmitindo as intenções amorosas do personagem Antônio (Pierre Baitelli) a Letícia (Isabella Santoni).

Tiago (Humberto Carrão) e Antônio (Pierre Baitelli) e Letícia (Isabella Santoni) em “A Lei do Amor”, 2017

 

em “Sol Nascente”, 2017, a arte do Origami se encaixou perfeitamente como decoração na casa de Alice (Giovanna Antonelli). Na estória, ela é filha adotiva de um japonês (Tanaka, Luis Melo) e foi criada sob a influência desta cultura. Observem as fotos abaixo:

Alice (Giovanna Antonelli) em “Sol Nascente”, 2017

 

Simultaneamente, a simplicidade e a sofisticação desta arte japonesa de dobradura em papel traduzem a personalidade dos personagens deste núcleo em seu ambiente.

Quarto de Alice (Giovanna Antonelli) em “Sol Nascente”, 2017

 

Em “Malhação Sonhos”, 2015, cortina semelhante, também com dobraduras geométricas em papel, serviu como decoração para uma festa na casa da adolescente Jade (Anaju Dorigon), dando um tom jovial e moderno à comemoração.

Edgar (Guilherme Piva), Jade (Anaju Dorigon) e Cobra (Felipe Simas) em “Malhação Sonhos”, 2015

 

Nesta mesma temporada de “Malhação”, uma linda mandala enfeitava o cenário “Aquazen”, um estúdio de natação e ioga.

“Malhação Sonhos”, 2015

 

E origamis também foram utilizados para decorar a sala dos professores do colégio da trama.

“Malhação Sonhos”, 2015

 

Seguindo o mesmo objetivo educativo, figuras geométricas em origami foram utilizadas para decorar a ONG para crianças superdotadas na novela “Sete Vidas”, 2015. O primeiro slide desta coluna também mostra outros exemplos deste cenário.

 Lúcia (Juliana Carneiro da Cunha) e Esther (Regina Duarte) em “Sete Vidas”, 2015

 

E a utilização inteligente das dobraduras e origamis como elementos decorativos não ocorre somente em programas de Dramaturgia. Eles também são uma excelente ferramenta criativa em programas de Variedades (ou Linha de Show, como eram chamados anteriormente). Veja abaixo a decoração do quadro “Árvore dos Desejos” do programa “Caldeirão do Huck”, 2017.

Quadro “Árvore dos Desejos” do programa “Caldeirão do Huck”, 2017

 

Borboletas, flores e tsurus de origami foram utilizados para ornamentar a bela árvore que poderia realizar os desejos de algumas crianças que participavam do quadro. O tsuru, ave sagrada do Japão, é símbolo da saúde, da boa sorte, felicidade, longevidade e fortuna. Diz a lenda japonesa que se a pessoa fizer 1000 tsurus, com o pensamento voltado para um desejo, ele poderá se realizar. Nada melhor do que esta ave com tal significado para figurar na “Árvore dos Desejos” do programa.

 

Desejo de sucesso semelhante foi traduzido no cenário da semifinal do “The Voice Brasil”, 2012, onde árvores com centenas de tsurus pendurados circulavam a cantora concorrente.

Ana Rafaela na semifinal do programa “The Voice Brasil”, em 2012

 

Dobraduras em formas geométricas em grande escala simularam planetas no cenário do programa “Xuxa.Com”, 2005. O resultado ficou surpreendente!

Programa “Xuxa.Com”, 2015

 

E por que não origamis para uma linda decoração de Natal ou Ano Novo! Veja abaixo, sua utilização no programa “Estrelas” em 2015.

Angélica e Joelma para o programa “Estrelas”, 2015, em entrevista comemorando o Ano Novo

 

A técnica japonesa serviu de base para um adereço indiano na novela “Caminho das Índias”, 2009, a coroa de papel utilizada por Maya (Juliana Paes), em seu casamento com uma árvore, o único modo de acabar com a sua maldição no amor.

Maya (Juliana Paes) em “Caminho das Índias”, 2009

 

Inspirada nas dobraduras, a Aderecista confeccionou este lindo laço para que Vitório (Carlos Alberto Riccelli) presenteasse Roberta Leoni (Glória Pires) com um novo carro em “Guerra dos Sexos”, 2013.

Vitório (Carlos Alberto Riccelli) e Roberta Leoni (Glória Pires) em “Guerra dos Sexos”, 2013

 

E por que não transferir técnica semelhante para a dobradura de guardanapos? Vejam este lindo “table setting” para um jantar finíssimo de “Ligações Perigosas”, 2016.

“Ligações Perigosas”, 2016

 

O colorido destes discos de papel sanfonados deixou a festa de aniversário da apresentadora Angélica ainda mais charmosa para o programa “Estrelas”, 2015.

 Programa de Aniversário da apresentadora Angélica “Estrelas”, 2015

 

“Estrelas”, 2015

 

E o recurso de se utilizar flores de papel prateadas como fundo para ensaio fotográfico em “Totalmente Demais”, 2016 foi formidável. A cor neutra prata podia ser mudada apenas com a iluminação e a textura das flores resultou em um “backdrop” opulento e refinado.

“Estrelas”, 2015

 

Continuaremos na semana que vem com mais adereços, mas o papel deixa de ser o foco principal para abordarmos também a utilização e combinação de outros materiais. Não percam!

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