Marcia Sakumoto: Usados no Japão

Nos anos noventa, início da imigração no Japão era bastante comum os estrangeiros passarem as noites caminhando pelos bairros em datas determinadas para “literalmente” revirar os “lixos” descartados pelos japoneses. Normalmente chegavam ao país endividados, a maioria muitas vezes com as passagens financiadas tornando seu primeiro ano de trabalho no Japão bastante apertado financeiramente. Então costumávamos aproveitar o descarte rico dos japoneses.

Há anos o consumismo nos seduz, difícil quem não goste de um usado japonês, é de enlouquecer qualquer um consumista ou não. Claro que não somente por esse motivo os japoneses costumam descartar artigos e utensílios praticamente novos e semi-novos. O descarte de lixo no Japão é bastante limpo, (têm um artigo aqui na coluna que conto como funciona, se você ainda não leu acessa o link abaixo e saiba mais) .

 https://portaldoandreoli.com.br/marcia-sakumoto-um-dos-lugares-mais-limpos-do-mundo

O hábito da reciclagem contribuiu para isso, os dias determinados para coleta de cada tipo de lixo facilitava para as visitas de esquina em esquina ao chamado de Shopping Gomi ( shopping de lixo) sem contar a economia que trazia para cada família, essa prática durou um tempo, sendo escasso nos dias de hoje, aliás desde que o governo decidiu terminar com o descarte em ruas e passou a concentrar o descarte desses utensílios em galpões específicos ou através de coletas cobrando uma taxa para cada item descartado. A partir desse momento várias lojas de usados foram expandindo pelo Japão comprando por um pequeno valor o “lixo” diretamente dos cidadãos, o que é super atrativo desde que seu produto tenha condições de reuso.

Assim o Japão passou a ter diversas lojas especializadas em artigos usados como móveis, utensílios domésticos, brinquedos, eletros domésticos, equipamentos esportivos, eletrônicos, instrumentos musicais, enfim uma variedade imensa inclusive artigos luxuosos de grife tanto para casa como para uso pessoal como calçados, roupas, óculos, relógios e bolsas se destacam nessas lojas, algumas lojas são tão organizadas que nem parecem ser produto usado, normalmente com dois, três andares de total variedade indo a especialização em objetos vintage aos mais atuais, alguns objetos estão fechados em caixas originais e com etiquetas, a maior parte dos produtos possuem garantia de 3 meses e informações complexas sobre as condições do produto. Um estilo bastante valorizado e encontrado nessas lojas são os móveis clássicos Louis XV, mobiliar uma casa com eles por aqui é uma fortuna.

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Mas o que poucos comentam é que esse costume japonês é uma filosofia aprendida no budismo, no mês de dezembro os japoneses passam descartando objetos e artigos que não lhe servem mais, é feito uma minuciosa limpeza geral em suas casas, com o propósito de manter nos lares somente o que traga alegria.  Além disso quase todo o comércio é adepto ao “point card” onde os clientes acumulam pontos em cada compra para trocar por produtos determinados pela quantidade de pontos obtidos, isso faz com que a população acabe acumulando produtos em suas casas que às vezes acabam nem usando. Famílias costumam vender tudo da casa dos idosos que moram sozinhos e falece se livrando do trabalho de jogar tudo fora e ainda pagar para se desfazer de tudo.

Nessa mesma linha, porém especializados os brechós seguem um estilo bastante fashionista, em Tokyo no Bairro de shimokitazawa e harajuku encontramos uma variedade deles e muito look inacreditável. Mas vou deixar esse assunto para outro dia.

Espero que tenham gostado, deixem seu comentário, curte e compartilhe com seus amigos.

Até a próxima!

Sayonara

 

Marcia Sakumoto

 

Imagens cedida pela colunista.

 

 

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