Jorge Lordello: Qual a porcentagem de brasileiros que praticam o famigerado “jeitinho”?

Criticar mazelas alheias é fácil. Difícil é reconhecer os próprios erros!

No dia a dia no mundo real e virtual, é bastante comum o chamado denuncismo, ou seja, pessoas apontarem erros alheios com a maior facilidade, como se fossem poço de probidade e retidão.

Na opinião do leitor, qual a porcentagem de brasileiros que praticam, constantemente, atitudes consideradas imorais e antiéticas?

O Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental entrevistou 2.435 profissionais de 24 empresas, os quais foram submetidos à bateria de testes em relação a corrupção, apropriação indevida e fraudes na esfera do trabalho.

O resultado é pavoroso!

Na busca por vantagens, 66% dos entrevistados demonstraram potencial para realizar algum tipo de atitude indevida junto a fornecedores. Grande parte deles não creem fazer algo errado, mesmo tendo ciência que a empresa está sendo prejudicada de alguma maneira.

Do ponto de vista cultural, o tal “jeitinho” nada mais é que agir com malandragem, desonestidade e amoralidade e está arraigado em todos as classes sociais, sem exceções.

Uma demonstração clara, é quando o brasileiro viaja para algum país considerado desenvolvido e fica surpreso com atitudes educadas, respeitosas e fiel cumprimento das normas estipuladas. Esse misto de espanto e admiração gera surpresa, pois em nosso país não é prática comum esse tipo de conduta regrada, ética e preocupada em não ferir direitos de terceiros.

Infelizmente, buscamos mais o interesse individual e nos preocupamos pouco com o direito alheio. É como se as pessoas tivessem que se adaptar às nossas vontades e desejos. Quantas pessoas, prazerosamente, aumentam o volume do som em casa ou no carro sem cogitar ou temer a possibilidade de atrapalhar o descanso alheio. Comprar mercadoria contrabandeada é considerado vantagem e sinônimo de bom negócio e não pratica criminosa.

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O descumprimento das leis, a informalidade, o prazer de espalhar notícia, mesmo tendo ciência ser falsa, a intenção de encontrar solução para um problema ou dificuldade da forma errada e o desejo de encurtar caminhos ou etapas de forma malandra, traduz um pouco das atitudes que vemos amiúde no dia a dia.

O pior é que achamos que tudo isso é normal, aceitável e uma forma de mostrar o quanto somos “espertos” ao driblar adversidades.

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