Nem sempre é preciso se inscrever num curso para receber novos aprendizados.
Às vezes, basta sentar na mesa de jantar e ouvir com atenção.
Meu marido é italiano e meus filhos moraram e estudaram no exterior, então nossa casa de vez em quando recebe a visita de familiares e amigos estrangeiros.
Recebemos para o jantar um farmacêutico chileno com cursos na Austrália e Inglaterra, um jovem que tem o passaporte lotado de carimbos. Ele conversa conosco em inglês e português e conta com orgulho que já conseguiu a casa própria.
O Chile está passando por um momento de crise mas ele está esperançoso, acredita que tudo pode mudar.
É a terceira vez que visita o Brasil, passeou pela Itália, Inglaterra, Austrália, América Latina de norte a sul, Ásia e África.
No jantar conversamos sobre estas experiências pelo mundo, qual teria sido a melhor?
Ele respondeu: A Índia! Um país com muita desigualdade social, falta de infraestrutura, pobreza extrema, mas uma espiritualidade gigantesca, um povo feliz. Um lugar onde ele foi bem recebido por pessoas com um sorriso no rosto e gratidão no coração, incapazes de sentir inveja, dotados de uma visão de mundo totalmente diferente do Ocidente.
Ah, essa juventude! Agradeço meus filhos por me apresentarem essa nova visão de vida, com valores e propósitos. Uma curiosidade incessante, um enorme respeito pelas diferenças culturais, pela diversidade.
Eles não procuram o óbvio, o fácil, ao contrário, vivem como a arte do kintsugi onde as cerâmicas quebradas são preenchidas com filetes de ouro e se transformam em peças únicas e mais valiosas que o original.
Precisamos aprender que passamos por momentos na vida onde parece que somos quebradas em pedaços, trituradas e moídas. Esta é a nossa oportunidade de se renovar, voltar melhor do que antes, ser preenchida com o ouro do amor, compaixão, fé e esperança, enfim, voltar como uma obra de arte, como uma fênix.