Lilian Schiavo: Aprendendo com o novo

Tudo começou quando minha filha surgiu com uma malha de lã e perguntou se era da época da faculdade, o detalhe é que ela se referia à minha faculdade…

Estamos falando da década de 80!!!

Ela é um típico exemplo da nova geração. Independente, crítica e questionadora.

Lembro da primeira vez que senti o olhar de censura dela, era um sábado à noite, quase 10 anos atrás e eu estava lavando a louça do jantar. Duas amigas delas chegaram e eu me virei para cumprimentar e deixei a torneira aberta, imaginem as três olhando para a água escoando com uma expressão de horror. Foram segundos que renderam um discurso sobre a importância de cuidarmos do planeta.

Aprendi sobre a água e com o tempo outras discussões surgiram, uma delas foi sobre o consumo consciente.

Um dia cheguei em casa com uma sacola de compras e ela perguntou se eu realmente precisava de uma roupa nova.

Quantas calças pretas vc tem no armário? Camisas brancas? Nem vou perguntar sobre jeans…

Cada vez que recebe um convite você acha que precisa de uma roupa nova?

E se ao invés de comprar mais uma blusa, você economizasse para viajar ou investir em você?

Participei de algumas palestras sobre estilo e construção de imagem e me surpreendi com as palestrantes confortavelmente vestidas dizendo que roupa boa é aquela usada inúmeras vezes, que chic é repetir o visual, que uma pessoa com estilo próprio reflete autoconhecimento e autoestima.

É óbvio que se você está segura consigo mesma não precisa vestir personagens, pode ser você, real e verdadeira, com defeitos, sem precisar seguir padrões impostos por quem não paga a sua conta e não conhece sua vida.

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É libertador se livrar da prisão dos comentários alheios, da necessidade de saber o que os outros estão pensando de você.

Somos enganados facilmente pelas aparências, achamos que podemos “ler” as pessoas conforme a roupa, o sapato e a bolsa. Deduzimos a classe social a qual pertence, a profissão e até a origem.

Quantas vezes você já errou nessa leitura de aparência?  Tenho uma amiga com deficiência visual e sempre digo que ela enxerga melhor do que nós, ela  enxerga a alma, o tom da voz, sabe se a pessoa é bonita por dentro.

É, o mundo precisa mudar, ficar mais sustentável, mais consciente e focado em boas práticas.

Nós precisamos aprender a ser mais leves, viver como quem viaja, com apenas uma mala mas uma curiosidade imensa para explorar novos mundos, mergulhar em águas de um mar desconhecido, se renovar, reinventar, sem medo de recomeçar de um jeito diferente.

Esta semana minha filha resgatou uma bolsa antiga e reciclou, consertou e aplicou desenhos que a tornaram única.

No Japão existe uma técnica chamada Kintsugi, uma arte para reparar uma cerâmica  quebrada com resina de ouro, na verdade é uma filosofia de vida.

Todas nós passamos por situações muito difíceis que nos quebram em pedaços, nessas horas pensamos que será impossível superar esse estrago. Entretanto, se permitimos, nossas cicatrizes serão preenchidas com ouro e nós voltaremos melhores do que antes.

Seremos obras de arte únicas!

Às vezes precisamos errar para aprender a ficar mais forte e resistente.

Não somos perfeitas, ainda bem! Temos um longo caminho a percorrer!

Imagem: Freepik

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