Lilian Schiavo: Cicatrizes da guerra

Era uma entrevista para uma rádio argentina com a presidente nacional e a vice-presidente mundial de uma organização de mulheres empresárias. Preparei alguns dados econômicos e um levantamento sobre os números da pandemia no Brasil.

A conversa começou com perguntas sobre como estamos reagindo ao isolamento, as medidas restritivas lá são mais rígidas do que aqui, as pessoas precisam de autorização para sair de casa.

Lembramos que se antes estas empresárias tinham a agenda lotada, agora a situação piorou, além do trabalho na empresa tivemos que incorporar as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos.

O tempo ficou curto para dar conta de tudo.

Meus textos costumam ser leves e divertidos porque sou otimista por natureza, mas tem horas que precisamos enxergar ao redor com lentes realistas.

Vi um vídeo de um webinar com mulheres, destes que estão pipocando na internet, mulheres inspiradoras dizendo que descobriram novas oportunidades, que não se deixam abater.

Uma delas surge toda maquiada, com tintas em cores fortes para esconder hematomas mas todas perguntam se ela vai numa festa, ela responde que cansou de andar de pijamas e cara lavada. Na tela do computador uma pergunta é enviada para ela pelo WhatsApp: está tudo bem?

Atrás dela vemos um homem circulando pela sala com uma bebida na mão, ele se senta num sofá e observa a moça.

Na cena seguinte vemos os dizeres: 10 minutos depois… o interfone toca e ela diz que chegou uma encomenda para ele, pedindo que desça para buscar.

Ele sai e as participantes do webinar mudam o tom e começam a dizer para ela trancar as portas e olhar pela janela se a polícia está lá embaixo. Elas denunciaram a violência doméstica sofrida pela amiga.

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A entrevistadora pergunta sobre a violência contra as mulheres no Brasil, salientando que os números são muito parecidos em toda a América Latina.

Infelizmente esta guerra invisível vai deixar muitas cicatrizes: vidas perdidas, falências, sonhos enterrados e marcas de violência nas famílias.

Deixo aqui meu pedido para que não sejamos coniventes nem omissas, ao ouvir gritos ou presenciar cenas de abusos ou violência denuncie!

Ligue 180! Uma vida pode ser salva!

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