Sem dúvida, ouvimos falar muito sobre empatia, mas será que sabemos o seu significado?
No dicionário, empatia é a ação de se colocar no lugar da outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo como ele aprende.
Fácil de entender…, mas a teoria na prática é outra.
Tive aulas teóricas sobre como esquiar e velejar… prestei atenção nos mínimos detalhes, mas na real, ao vivo e a cores, caí, errei, tentei de novo, não deu certo, fui de novo, inúmeras vezes, até que finalmente consegui.
Empatia é assim, precisa treinar.
Para se colocar no lugar do outro é necessário se despir do seu eu, mudar de lugar, olhar com outros olhos.
É preciso abandonar preconceitos e pré-julgamentos.
A comunicação é vital no exercício da empatia, a escuta deve ser atenta e sem ruído. Já percebeu quantas discussões desnecessárias seriam evitadas?
Presenciei por diversas vezes pessoas brigando e falando exatamente a mesma coisa, mas não conseguiam ouvir, só gritavam.
Empatia envolve respeito às diferenças, entender que somos frutos de uma vivência individual. Cada uma de nós passou por experiências únicas que moldaram nosso caráter e nosso modo de agir e pensar.
Às vezes é preciso um mergulho profundo para ser empática.
Imagine uma pessoa arrogante, intragável, daquele tipo que precisa se impor com cargos e títulos, que conta os grandes feitos do passado mesmo que ninguém pergunte. Esse tipo de comportamento demonstra baixa autoestima e uma necessidade de se achar melhor que todo mundo. Na verdade, é falta de amor e aceitação.
Numa reunião, o tema era viver com leveza, abandonar o supérfluo, evitar pessoas que nos fazem mal:0 as manipuladoras, as vítimas, as vampiras, as deprimidas, as difíceis de conviver e as que fazem mimimi.
Todas nós convivemos com esses tipos e sabemos o quanto é difícil.
Contei que desde criança minha mãe sofria de depressão profunda, ficava deitada na cama coberta até a cabeça. Com bom humor, ela mesma criou um apelido para essas fases, dizia que estava com “deitadeira”.
Quando ela estava assim, meu pai pedia para que eu cuidasse dela enquanto ele ia trabalhar, foi assim que aprendi que mães podem trocar de lugar com os filhos…tinha horas que ela cuidava de mim e às vezes eu precisava cuidar dela.
Um dia perguntei como se sentia, ela respondeu que a vida era muito difícil, que tinha dias em que nem ela se suportava. Então, ao invés de sair correndo das pessoas que sofrem, vale tentar a terapia do abraço, do carinho, do diálogo e amor.
Calçar os sapatos do outro é refazer o percurso da vida dela, é sentir suas dores, seus traumas e perdas.
Precisamos pensar nas consequências de nossas palavras e de nossos atos, é fácil magoar as pessoas sem querer, cometemos deslizes, esquecemos promessas e agimos precipitadamente no afã de responder uma demanda.
A tendência é olhar do nosso ponto de vista, achar que estamos certas, que o outro é ingrato e que somos incompreendidas.
É preciso lutar contra o egocentrismo e o egoísmo, ter a humildade e a sabedoria de um monge, a compaixão e bondade da Madre Teresa de Calcutá.
Exercer a empatia não anula as suas crenças e pensamentos, ao contrário, amplia seus conhecimentos. Você não perde sua identidade mas passa a entender o outro.
É como ser um diplomata que sabe as diferenças e sutilezas dos diversos países, que conhece a etiqueta e comportamento específico de cada povo.
É como um ator ao interpretar um personagem, um turista que descobre outros hábitos e costumes, é criar novas possibilidades, é aprender com as diferenças.
Você não se anula, compreende.
“A verdadeira compaixão não significa apenas sentir a dor de outra pessoa, mas ser motivado a eliminá-la.” Daniel Goleman
Lilian Schiavo
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