Lilian Schiavo: Embalagem conta, mas importante é o conteúdo

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Provavelmente já aconteceu com você… ao ver a pessoa pela primeira vez você faz uma leitura, é quase automático, uma mania inconsciente, olhamos e achamos que sabemos tudo, se o santo bateu, se gostou ou não.

Dizem que a primeira impressão é a que fica, consultores de estilo nos ensinam como se vestir adequadamente de acordo com a ocasião, profissão e cargo que ocupa, afinal, um descuido no modelito pode ser fatal!

Especialistas de imagem são capazes de destrinchar uma pessoa só pela foto: idade aproximada, profissão, tribo a que pertence, se gosta de rock ou prefere um samba, se é carnívoro ou vegano, se é um comprador voraz ou um ativista do consumo sustentável.

Sou arquiteta e aprendi que a casa, assim como a roupa é uma extensão do indivíduo, que reflete quem somos e o que pensamos, como gostamos de viver e o que queremos ser.

Será?

Fiquei imaginando quantas vezes errei feio ao julgar a pessoa pela aparência.

Lembrei de embalagens lindas com conteúdos que não condiziam com o esperado, certamente você já comprou latas lindas de biscoitos e quando provou tinha gosto de isopor!  Você escolhe uma refeição pela foto e quando ela chega você pensa em abrir um processo por propaganda enganosa.

Pode ser que você resolveu mobiliar sua casa pela internet e aquele sofá que parecia te abraçar  na verdade é um  trambolho desconfortável…

Esta introdução é para dizer que quem vê cara não vê coração.

Outro dia li no jornal que num desses países nórdicos a embalagem do dentifrício foi eliminada, afinal, qual a utilidade da caixa? Trazer informações sobre a pasta de dente com imagens coloridas e letras chamativas? Se estamos pensando num mundo mais sustentável para que desperdiçar tanto papel?

Antigamente os anúncios de empregos descreviam o cargo e exigiam pessoas de boa aparência, algumas chegavam ao cúmulo de pedir foto! Ainda bem que o mundo mudou e hoje os profissionais de RH estão aprendendo a fazer entrevistas às cegas onde não existe acesso a informações sobre o candidato. Não dá para saber a cor da pele, a religião, se é portador de alguma deficiência, gordo ou magro, jovem ou idoso, aonde estudou, se é alto ou baixo, qual o gênero, se são exóticos, divertidos ou mal humorados. O que conta é a capacidade de resolução de problemas, a disponibilidade de aprender e executar tarefas.

Ufa, que alívio! Pessoas que vieram de faculdades menos conceituadas, mas que possuem um talento nato, uma inteligência emocional elevada e vontade de crescer podem concorrer em igualdade de condições. Ok, isso ainda é uma utopia mas anseio que se torne realidade pois já vi alguns casos pipocando aqui e ali.

A minha esperança é que as pessoas parem de fazer julgamentos apressados, afinal, é fácil apontar o dedo e se tornar a dona da verdade, detectar os defeitos dos outros e  falar como se nunca tivesse cometido um erro! Atire a primeira pedra quem nunca pecou…

Gosto de gente e lido com muitas pessoas o tempo todo, me entristeço quando alguém me decepciona mas tento exercer a empatia, me coloco no lugar dela e tento entender porque agiu de determinada maneira. Já aprendi que calçar os sapatinhos do outro é uma excelente maneira de mudar seu ponto de vista, é se colocar no lugar do outro, é exercer o perdão e liberar as mágoas. É ficar mais leve, menos crítica e mais tolerante.

Posso também me surpreender com alguém que de início parecia um ET, uma pessoa sem o menor traço de afinidade comigo e que de repente se torna a melhor amiga! E um dia você confessa que quando a viu pela primeira vez pensou em se afastar o mais rápido possível pois não tinham nada em comum, nenhum assunto para conversar. Hoje são inseparáveis e é para ela que você conta suas dores e alegrias. É uma surpresa que te faz refletir sobre quantas pessoas maravilhosas você deixou de conhecer…

O texto de hoje é para que seu foco seja o conteúdo! Em primeiro lugar no seu e depois no dos outros, não se incomode tanto com o que estão pensando a seu respeito, o importante é que você saiba quem é e onde quer chegar, que saiba quais são os seus valores inegociáveis, o que te faz feliz e realizada. Será que você está dedicando muito tempo para o trabalho e deixando a família de lado? Pior ainda, será que você está vivendo para os outros e esqueceu de você, de seus sonhos, da sua essência?

Às vezes me deparo com pessoas que parecem uma panela de pressão prestes a explodir, você é capaz de sentir a ansiedade, o acúmulo de tarefas, a vida no limite, o sufoco, a falta de paciência e um desespero no olhar, é como se pedissem ajuda, mas não pudessem aceitar, pois ocupam um cargo muito importante onde fraquezas não são bem-vindas. Será que vale a pena? Imagine como seria bom poder relaxar um pouco, se cobrar menos  e viver mais.

O seu foco deve estar  no conteúdo,  no que interessa,  na sua verdade, nos seus saberes, o seu legado. É buscar o equilíbrio na vida, lembrando que o tempo é precioso, que viver é uma arte e você é a protagonista da sua vida!

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