Você está com a sensação de viver numa bolha?
Sem dúvida este distanciamento social acarreta inúmeros efeitos colaterais em todas nós.
Sair de casa virou uma operação complicada, precisamos nos paramentar com luvas e máscaras, obedecer distância entre as pessoas, falar o estritamente necessário e o principal: retornar o mais rápido possível para a “casa-lar-refúgio”.
Ao chegar devemos obedecer outro ritual, sapatos deixados na porta, retirar os equipamentos de proteção com habilidade cirúrgica, tirar a roupa, tomar banho, preparar tudo o que veio da rua antes de guardar, lavar e desinfetar frascos, latas, frutas e verduras.
Estes são os procedimentos para os privilegiados que podem permanecer em casa, trabalhando em home office.
Muitos segmentos permaneceram ativos e a população agradecida elevou estes trabalhadores a categoria de heróis, são os profissionais da saúde, das indústrias, os caminhoneiros, motobóis, os bancos, a polícia, os bombeiros, a imprensa e me desculpem se esqueci alguém.
No meio desta crise, com atividades paralisadas, muitas empresas estão reduzindo salários, demitindo, falindo e sem perspectiva de reabertura. Outras estão se reinventando, passaram a produzir máscaras, álcool gel, aventais, lenços umedecidos. A maioria se rendeu ao delivery e vendas on-line em lojas virtuais.
Famílias perderam suas fontes de renda, pessoas perderam empregos, o comércio informal desapareceu com as ruas desertas, a cidade desnudou seus moradores em situação de rua, ficou gritante a falta de saneamento básico, a falta de condições para comprar itens de higiene e limpeza. As comunidades abriram as portas das casas para mostrar a torneira sem água, a geladeira e a despensa vazias, a situação de fome e a necessidade de socorro.
Se as pessoas não tem água para beber como falar em luxos como sabonete e álcool gel?
Se até agora você reclamou porque sente falta de sair, viajar e usufruir os prazeres da vida chegou a hora de parar de olhar para o próprio umbigo, levantar a cabeça e enxergar a real.
Se suas frases começam e terminam com EU chegou a hora de mudar para NÓS!
A bolha rompeu, você entendeu que é um ser humano vulnerável, o Covid-19 não tem preferências pessoais, pode atingir qualquer um, estamos todos vivendo no mesmo planeta e o que acontece no outro lado do mundo vai te atingir.
E no meio desta pandemia começaram os pedidos de ajuda… não dá para ficar parada, estabelecemos parcerias com outras organizações, reunimos as mulheres num mutirão, começamos um movimento de arrecadação.
É uma onda de solidariedade, onde tenho a chance de conhecer pessoas altruístas, criar elos de afeto. Presencio atos de generosidade, um exército de formiguinhas incansáveis se move, cada uma contribui com um pouco para alcançarmos os resultados esperados.
O distanciamento social aproximou pessoas que talvez nunca se encontrariam, renovou a esperança num mundo diferente e melhor, onde somos mais sensíveis a dor alheia, onde buscamos soluções criativas para minimizar a carência.
Sentimos falta de muitas coisas, da família, dos amigos, de abraços apertados, da alegria nos encontros presenciais, da vacina, da descoberta de tratamentos que curam.
Vamos compensar cuidando melhor uns dos outros. Ligue para suas amigas e pergunte se precisam de algo, pode ser um bolinho, uma ida a farmácia, uma longa conversa por vídeo para poder olhar nos olhos dela, não importa se você está descabelada ou de pijama, doe seu amor e seu tempo.
Nas redes sociais pipocam pedidos de doações. Separe 1 pacote de arroz ou outro alimento, se puder doe 1 cesta básica. Está difícil sair de casa? Deposite qualquer quantia, se cada um doar R$10,00 vai dar para adquirir cestas ou kits de higiene e limpeza.
O importante é participar!
Acredito que doar proporciona o mesmo efeito de bem-estar que a endorfina libera após atividade física.
Não sou cientista, mas de forma empírica sei que vale muito a pena sair da bolha, arregaçar as mangas e ajudar quem precisa.
Solidariedade, compaixão, amor, esperança, fé e gratidão são sentimentos que nos deixam mais fortes e muito felizes.
Solidariedade não é caridade. Solidariedade é muito mais. É humanismo revolucionário. Sol Sorte