Márcia Sakumoto: Imigração japonesa e o caminho inverso

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Na semana passada no dia 18 de junho é o Dia Nacional da Imigração Japonesa, a data escolhida é a mesma da chegada do Navio KASATO-MARU em 1908 na cidade de Santos com os primeiros imigrantes japoneses que foram trabalhar nos cafezais do Brasil, iniciando a imigração japonesa e o caminho inverso.

Meu avô Koichi Sakumoto também fez esse caminho, não no Kassato-Maru. Quase dez anos depois no Wasaka-Maru saindo de Okinawa em 1917, chegando ao Brasil com a mesma esperança de seus compatriotas. Ele conheceu uma brasileira formou uma bela família e estabeleceu residência em Biguá, bairro de Miracatu localizada as margens da rodovia Regis Bittencourt, grande ponto de estação ferroviária. Foi um bairro desenvolvido através da monocultura da banana, meu avô foi um importante produtor da região. Mas nem tudo foi tão lindo e maravilhoso como os imigrantes esperavam, muitas dificuldades e barreiras foram superadas.

Infelizmente não conheci meu avô pessoalmente, quando nasci ele havia falecido, as lembranças nas conversas em família, me fez conhecer um pouco dele. Encontrar os registros de embarque do meu avô no museu histórico da imigração japonesa no Brasil foi bastante emocionante. Me sinto agradecida e emocionada.

O fim do feudalismo no Japão apresentava uma crise demográfica. O início da mecanização na agricultura formou uma massa de trabalhadores rurais migrantes para os grandes centros em busca de novas oportunidades de emprego, gerando também uma outra massa de trabalhadores rurais fugindo da miséria. Enquanto do outro lado do planeta a Itália proibia a imigração subsidiada de italianos para São Paulo dificultando a produção de café, principal produto exportado pelo Brasil na época. A escassez de mão de obra no Brasil despertou a atenção do governo japonês que via crescer o desemprego e a pobreza na terra do sol nascente, assim cartazes incentivando os japoneses a imigrarem para o Brasil eram espalhados por território nipônico.

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A primeira geração de imigrante partiu para o Brasil com a intensão de enriquecer e regressar para a terra do sol nascente em três anos. Mas o sonho era quase impossível, eles não esperavam salários baixos, desconto no pagamento da passagem, compras de consumos básicos formavam uma lista de despesas nos caderninhos dos fazendeiros gerando dívidas inacabáveis. Assim desembarcavam endividados, o que tornava distante a possibilidade de retorno ao seu país.

Encarando a adaptação onde tudo era diferente: o idioma, o clima, os vestuários, hábitos e alimentação. Mas eles não tinham como desistir e com o tempo conseguiram parcerias com os fazendeiros onde muitos japoneses adquiriram seu pedaço de terra e passaram a mudar as condições dos imigrantes. Construíram escolas e centros onde se reuniam fortalecendo os costumes entre colônia. A comunidade crescia com o nascimento dos filhos dos imigrantes que eram educados na cultura japonesa e falando o idioma em casa, sinalizando uma esperança em ainda voltar ao Japão.

Alguns anos se passaram, estávamos na Segunda Guerra Mundial, os japoneses decidiram permanecer no Brasil, encorajaram parentes a virem para o Brasil transformando-se na maior população japonesa fora do Japão em 1930.

A terceira geração de japoneses já estava integrada a sociedade brasileira. Nos campos continuavam a primeira geração trabalhando para manter filhos, netos e estudos da terceira geração, a partir daí a miscigenação era uma realidade e 61% dos bisnetos tem alguma origem não japonesa. Os mestiços predominam a nova geração, totalmente integrada ao Brasil, os vínculos são menores, a maioria não conhece o idioma japonês. O que infelizmente atrapalha liberação do visto da quarta geração para vir ao Japão com a mesma oportunidade das gerações anteriores.

Entendam as gerações em japonês:

Primeira geração Issei (nascidos nos Japão )

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Segunda geração Nissei (Filhos de japoneses)

Terceira geração Sansei (Netos de japoneses)

Quarta geração Yonsei (Bisnetos de japoneses)

O Caminho Inverso

Há 30 anos alguns filhos e netos, os dekasseguis têm a oportunidade de fazer o caminho inverso. Assim como meu avô em 1917 aportava em Santos, em 1995 eu desembarcava no aeroporto do Japão para trabalhar como operária em fábrica passando pelas mesmas dificuldades relatadas pelos japoneses quando chegaram ao Brasil.

Chegamos endividados, o idioma é a primeira barreira, somos analfabetos, não conseguimos ler uma placa, cometemos gafes por não entendermos os costumes, a cultura, a comida enfim tudo diferente. Os caminhos estão mais claros hoje, mas é importante deixar as portas abertas, fortalecer ainda mais essa união, passar a importância das conquistas dos nossos antepassados que abriram esse caminho mudando a relação de países tão distantes geograficamente, mas hoje tão presentes um no outro. Não tem como negar a colaboração dos imigrantes nos países e a interferência direta na economia dos mesmos. Vemos muito do Japão no Brasil e do Brasil no Japão.

Você é descendente de japonês?

Quer saber o registro do seu antepassado é só acessar o link abaixo ir ao lado direito da página e clicar em Navios de imigração preencha os dados e aguarde o resultado.

http://www.museubunkyo.org.br/jp/aconteceu/index.html

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Até a próxima semana!

Sayonara

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