Cesar Romão: Invista mais em você!

Tenha uma profissão.

Todos nós temos capacidade de desenvolver uma atividade especializada. Quando centramos nossas metas em uma determinada atividade, mesmo que não sejamos aptos no momento, com certeza, ficaremos em breve. Ninguém nasce bom em algo, vai melhorando sempre com a dedicação e prática desse algo. Nenhum mágico nasce fazendo mágica, ele escolhe a profissão e dedica-se a ela com muito treino, até que está corra em suas veias.

Você sabe fazer algo muito bem, descubra o que é – não perca tempo fugindo de suas aptidões.

Todos aqueles que têm sucesso no trabalho é porque descobriram o que sabiam fazer melhor e não desistiram de fazê-lo.

Na busca de seus sonhos, semeie uma profissão: ela será a trilha da condução rumo ao seu objetivo e que você deve lembrar-se todas as manhãs.

Toda pessoa é boa em um determinado setor, competente em dois outros e ineficiente em todos os outros.

Quando se reconhece tal fato, aprende-se a não mais ter procedimentos que prejudicam nossas qualidades e habilidades.

Não fortaleça seus pontos fracos, reforce seus pontos fortes. Saiba mais sobre suas qualidades e habilidades. Sua profissão surgirá da comunhão dessas atitudes, assim como os meios para colocá-la em prática.

Ninguém consegue muito na vida pessoal e profissional sendo ou fazendo muitas coisas de forma mediana, o sucesso vem de ser e fazer uma coisa com competência e dedicação.

Muitas pessoas não gostam daquilo que fazem, simplesmente porque não descobriram aquilo de que gostam e tampouco a maneira de fazê-lo.

Apenas executar tarefas em troca de um salário não é ter uma profissão, é ser um executor de tarefas, algo comum, substituível e que não fará falta à empresa.

Isso é o que causa desânimo nas pessoas por seu trabalho: empregar suas aptidões e qualidades num procedimento incompatível com seus desejos.

 

Na construção de um futuro, até mesmo um rei precisa de uma profissão.

Era uma vez um rei que havia esquecido o velho conselho dos sábios, segundo o qual quem nasce na comodidade e no conforto precisa fazer um esforço pessoal maior que os outros. Mesmo assim era um rei justo e popular.

Certo dia, quando viajava para visitar suas terras mais distantes, uma tempestade desabou e separou o seu barco de sua escolta. A tempestade serenou depois de sete dias de fúria.

O barco havia afundado e os únicos sobreviventes do naufrágio foram o rei e sua filha, pois eles, de algum modo, haviam conseguido subir numa balsa.

Depois de muitas horas, a balsa foi jogada na praia de um país totalmente desconhecido para os viajantes. Inicialmente foram recolhidos por pescadores que cuidaram deles e depois de algum tempo disseram:

– Somos muito pobres e não podemos continuar a mantê-los. Se caminharem para o interior, quem sabe poderão encontrar os meios para ganhar a vida.

Agradecendo aos pescadores e sentindo pesar por não poder conviver com eles o rei começou a vagar pela região. Ele e a princesa foram de aldeia em aldeia, de povoado em povoado, buscando comida e ajuda. Não aparentavam ser melhores que os mendigos e assim eram tratados.

Às vezes conseguiam alguns pedaços de pão; outras vezes, palha seca para dormir.

Cada vez que o rei procurava melhorar sua situação, pedindo trabalho, perguntavam: “O que sabe fazer?”.

O rei, então, lembrava de que não era capaz de realizar qualquer tarefa exigida e retomava seu caminho.

Em todo país existiam poucas oportunidades e tarefas manuais, pois havia muitos trabalhadores especializados. À medida que iam de um lugar para outro, o rei cada vez mais concluía de que ser rei sem país era uma condição inútil. Ele refletia sobre o provérbio dos anciãos, que dizia: “Só pode ser considerado seu aquilo que puder sobreviver a um naufrágio”.

Depois de três anos nessa existência miserável e sem futuro, o rei e a princesa estavam numa fazenda cujo proprietário procurava alguém que cuidasse de ovelhas.

O fazendeiro os viu e perguntou:

–   Precisam de dinheiro?

E eles responderam que sim.

–   Sabem cuidar de ovelhas?

–   Não! – disse o rei.

– Pelo menos você é honesto! falou o fazendeiro. E por isso darei a você uma oportunidade de ganhar a vida.

Ele os enviou ao campo com algumas ovelhas e os dois logo aprenderam que tudo que precisavam fazer era protegê-las dos lobos e cuidar para que não se perdessem.

Uma cabana lhes foi dada e conforme os anos foram passando o rei recuperou algo de sua dignidade, embora não tenha recuperado a sua felicidade. A princesa transformou-se numa jovem, bela como uma fada. Como ganhavam apenas o necessário para viver não podiam planejar ainda o retorno às suas terras.

Um dia, quando havia saído para caçar, o sultão daquele país viu a moça e enamorou-se dela. Enviou, então, um representante ao pai da jovem para pedi-la em casamento.

–  Oh, camponês! – disse o mensageiro ao rei – o Sultão, meu amo e senhor, pede a mão de sua filha em casamento!

–   O que ele sabe fazer, qual a profissão dele e como ele pode ganhar a vida? – perguntou o ex-rei.

–  Idiota! Vocês camponeses são todos iguais! – gritou o mensageiro – Você não entende que um sultão não precisa ter profissão, pois sua habilidade consiste em conduzir seus súditos e que você foi eleito para uma honra que ordinariamente estaria muito além de qualquer esperança possível para as pessoas comuns?

–  Tudo que sei – disse o Rei-pastor – é que a menos que o seu amo, sendo sultão ou não, possa ganhar a própria vida, não será marido de minha filha. Eu sei de uma ou duas coisas a respeito do valor de uma profissão e habilidades.

O mensageiro regressou e contou ao seu amo real o que o estúpido camponês havia dito, acrescentando:

–  Não devemos nos preocupar com pessoas como essa gente, senhor, porque elas não sabem nada sobre as ocupações dos sultões.

Mesmo assim, uma vez recobrado de sua surpresa, o sultão disse:

–  Estou perdidamente apaixonado pela filha desse pastor e por isso devo estar preparado para fazer qualquer coisa que seu pai ordene a fim de casar-me com ela.

Deixou o império nas mãos de um regente e foi ser aprendiz de um tecelão de tapetes. Depois de um ano, já dominava a arte de fazer tapetes. Com alguns de seus próprios trabalhos foi até a cabana do Rei-pastor.

Apresentou-se diante dele dizendo:

–  Sou o sultão desse país e queria casar-me com sua filha, se ela me aceitar. Tendo recebido a mensagem de que o senhor requer de um futuro genro habilidades úteis e uma profissão, estudei tecelagem. Estes são alguns exemplares de meu trabalho.

– Quanto tempo você levou para fazer este tapete? – perguntou o Rei-pastor.

–  Três semanas! – respondeu o sultão.

–  Quando o vender, por quanto tempo você poderá viver com o que obtiver?

–  Três meses! – respondeu o sultão.

–  Você pode casar-se com minha filha, se ela o aceitar! – disse o Rei-pastor.

O sultão ficou encantado e feliz quando a princesa consentiu em casar-se com ele.

–  Seu pai – disse o sultão – mesmo sendo um camponês, é um homem sábio e sagaz.

– Um camponês pode ser tão inteligente quanto um sultão – disse a princesa. – Mas, um rei, se teve a experiência necessária, pode vir a ser tão sábio quanto o camponês mais sagaz.

O sultão e a princesa se casaram com todo o esplendor.

O Rei-pastor regressou ao seu país, com ajuda de seu novo genro, onde ficou conhecido como um monarca bom e inteligente, que nunca se cansou de estimular a cada um de seus súditos para que aprendessem uma profissão.

Descubra sua vocação, transforme-a numa profissão e jamais se afaste dela ao longo de sua vida.

Quando nada parece surtir efeito em minha profissão,

eu vou ver o homem que trabalha as pedras

e o observo marretando a rocha,

cerca de uma centena de vezes antes que ela dê o menor

sinal de rachar. Mas a centésima primeira marretada

a divide em duas, e eu fico sabendo que

isto não é obra dessa última marretada – e sim,

de todas as que vieram antes

Jacob Riis

 Cesar Romão

 

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Imagem: Freepik

 

 

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