Paty Moraes: Um ano sendo mais mulher

Exatamente um ano atrás, acontecia uma situação que mudaria a minha vida, a vida de muitas mulheres e a forma como os veículos de comunicação comunicariam sobre assédio. E assédio era uma coisa, a mesma coisa de todos os dias, mas não na lei. Mas, há um ano, falou-se de assédio como uma agressão sexual e verbal sofrida por uma repórter, mas não pelo chefe da repórter. Não! Era o dono do jornal, o superior hierárquico dela – como diz a lei? Não! Era um cantor, uma fonte, um entrevistado.

 

Um ano se passou e, até hoje, para a Justiça, tudo não passou de injúria e só o Sindicato dos Jornalistas entendeu o que realmente é assédio, só uma entidade que representa a categoria entendeu que uma pessoa pode ser prejudicada profissionalmente não apenas pelo chefe imediato. Uma situação de assédio pode prejudicar profissionalmente um repórter? Pode causar sua demissão? Pode mandar calar? Pode! Mas não calou, e não vai mais calar!

 

Um ano depois dessa situação que vivi dentro de uma redação, surge uma funcionária da Globo que se diz assediada por um ator – não o chefe – como especifica a lei, mas um ator – , e todo mundo entende que o emprego dela corre risco quando ela levanta uma denúncia desse tipo. Mas ela não se calou, mais e mais mulheres a apoiam dentro do ambiente de trabalho. Quando uma mulher entende a outra, um novo ponto de partida surge e a gente caminha para soluções mais justas. Um ano se passou e ainda torço por menos registros de injúria quando o que sofremos é assédio. Torço por uma tipificação mais correta para essas situações que mudam as nossas vidas.

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