Quem me conhece sabe: sempre fui de paixões avassaladoras. Vivi intensamente cada grande amor que passou por minha vida. Nem é por acaso que muitos dos meus melhores amigos, hoje, são aqueles que um dia foram meus namorados.
O verdadeiro amor é aquele que permanece na sua vida, de alguma maneira. E se ele apareceu, sem você correr atrás e programar, é porque estava desenhado ali algum papel que você teria na vida dele, ou dele na sua.
Mas quando a gente para pra pensar em quem não teve a mesma sorte: de amar e ser amada, desde pequenina, é que surge talvez o amor que mais nos faz sentir bem. O amor pelo outro, sem qualquer necessidade de conhecê-lo bem ou receber algo em troca, mas pelo puro desejo de retribuir de alguma forma, o amor recebido até aqui.
Ser voluntário é isso. Levantar a mão e dizer : Ei! Tenho um amor extra aqui pra dar.
E não vale ser só uma contribuição financeira (que por sinal é muito legal, se você puder dar), mas é algo que pede você presente e por inteiro, ainda que tenha pouco tempo para se dedicar. Você não tem ideia da alegria que pode promover no coração alheio e o quanto essa alegria volta em dobro para a sua vida.
Estou falando de você doar o seu tempo a um idoso que se sente abandonado, ou uma criança que perdeu os pais e foi parar numa instituição, um morador de rua que perdeu a esperança de viver em sociedade, um deficiente cansado de ser visto como alguém que não serve para produzir, não importa por onde você vai começar, o que importa é o seu movimento em direção a quem precisa de amor e atenção.
Tem gente que já nasce com esse dom, há crianças que nos surpreendem querendo doar o seu brinquedo ou seu doce a um coleguinha que parece precisar mais e ter muito menos que elas e infelizmente, nem sempre os pais estimulam essa atitude.
Esse tipo de amor só despertou em mim na maturidade. E eu descobri como ele nos transforma de uma maneira incomparável. A intensidade das paixões que eu tinha quando jovenzinha me faziam sentir plena e, quando retribuída, muito confiante. Hoje nada me traz mais leveza e satisfação do que amar um estranho, sem esperar nada em troca.
Talvez como eu, você já tenha sentido a vontade de fazer alguma coisa para ajudar alguém, mas não saiba muito bem de onde partir. O Google não funciona só para pesquisar preços ou fatos históricos, mas também para encontrar ONGs e iniciativas sociais das quais você pode tomar parte. Procure se informar e dê seu primeiro passo enquanto ainda tem o vigor físico para agir.
Assim como o Centro de Voluntariado de São Paulo (http://www.voluntariado.org.br/) há centenas de órgãos e ações por todo o Brasil, bem perto de você. Há gente recolhendo roupas, comida e até flores subutilizadas para levar alento e carinho a pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades que nós. Tudo o que eles precisam é apenas do seu tempo e da sua dedicação, do seu olhar carinhoso, do seu gesto anônimo de amor.
Falo disso porque o Natal está chegando e todos parecem lembrar o quanto a generosidade nos torna seres humanos melhores. Sabe aquele prazer que nos enche de alegria quando presenteamos nossos entes queridos? Pois acredite, ser voluntário, é ser Papai Noel fora de época e fora do contexto familiar. É descobrir um novo mundo de presentes que podem partir de você para pessoas que nada esperam. E a recompensa, eu garanto, vai te emocionar ainda mais.
Respostas de 5
Renata, muita boa a abordagem sobre o tema voluntariado. Parabéns!
Apesar de tudo o que foi destacado, a importância, os benefícios de ajudar o próximo, muito me intriga o fato do brasileiro, apesar de ser reconhecido por sua solidariedade, principalmente em situações difíceis, ter baixo número de pessoas engajadas socialmente. Estatisticamente, apenas 11% da população realiza algum trabalho voluntário. Isso é pouco! O que precisamos para incluirmos o voluntariado na nossa cultura?
Aqui no Recife, sou voluntária de uma ONG chamada Novo Jeito há sete anos. Nossa missão é mobilizar pessoas para prática de trabalhos voluntários. Relizamos diversas ações durante todo o ano, e assim, aqueles que gostariam de ajudar e não sabiam como, vão se envolvendo nas ações, nos projetos, vão tendo contato com outras ONGs e encontrando esse caminho – sem volta – da prática do voluntariado. Assim, já mobilizamos milhares de voluntários durante esses anos.
Vanessa, obrigada por ler e comentar. Típico de quem acha tempo para voluntariar e multiplicar a ideia. Obrigada por essa participação de Recife, lugar que amo e que, da próxima vez q for, com certeza, vou procurar conhecer o NOVO JEITO (http://www.novojeito.com.br/) Aliás excelente nome, precisamos mesmo explorar esses novos jeitos de amar e nos doar…
Renata, eu fico grata pelo seu interesse em conhecer o Novo Jeito. Você é muito bem vinda e terei o maior prazer em recebê-la! Convido você a conhecer também o Porto Social, que é uma encubadora e aceleradora de projetos sociais. Digamos que é “casa” do empreendedorismo social do Recife. É a sede também do Novo Jeito. ?
Neste mundo onde as pessoas só pensam em status em aparentar sucesso é bem estar você me surpreende com esse belíssimo texto. Parabéns
Obrigada, Vera.