Sueli Oliveira: Suicídio em época de pandemia.

Não é fácil falar sobre este tema, mas torna-se importante, estou percebendo no consultório o aumento de pessoas com desejo manifesto de tirar a própria vida.

Em sua maioria são as mulheres que tem ideações suicidas, atendo em média 40 pessoas na semana, sendo que 15% dessas pessoas falam, pensam ou tem ideações ou tentaram suicídios, com a pandemia aumentaram muito esses casos.

Embora sejam as mulheres que tenham ideações suicidas, os homens são os que mais cometem os suicídios, isso se dá porque os homens procuram menos ajuda, em sua maioria não falam sobre o assunto e têm medo de externalizar suas angústias e melancolias profundas.

Este tema é muito relevante, importante e requer atenção de todos, por se tratar de uma falha em seus mecanismos de adaptação cerebral, um transtorno mental.

A cada dia  aumenta o número de suicidas, principalmente pelo momento que vivemos a pandemia, isso acarretou e desencadeou em alguns transtornos mentais, não podemos descartar fatores psicopatológicos e genéticos que também podem levar o sujeito a desencadear comportamentos suicidas

São inúmeros fatores que levam o sujeito a pensar, idealizar ou mesmo cometer o suicídio; álcool em excesso, abuso no consumo de drogas, adictos psicoativos, depressão, ansiedade, transtorno de bipolaridade, a mídia também  tem   sua contribuição…

Fatores externos como perda de emprego, luto por covid, perda de bens materiais, divórcios, isolamento sem contato social, abuso sexual, moral e violência doméstica também podem contribuir para o aumento de suicídios nesta pandemia.

Os sinais e sintomas são vários, tristeza profunda, não sentem vontade de viver, não sentem fome, relatam que para levantar da cama tem que fazer um esforço muito grande, falam que não conseguem tomar banho, que para escovar os dentes sentem dor nas pontas dos dedos como se o corpo não reagisse aos comandos, demostram desespero, desesperança e até desvalor  de si mesmo e e do seu contexto, têm alteração de pensamentos, suas emoções fragilizadas de modo irracional e seus problemas parecem insolúveis.

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Relatam sentir como se estivessem em um poço fundo, escuro e sozinhos, não sentem vontade de falar com ninguém, choram constantemente e por dentro do peito refere uma dor que não sabem de onde vem, que se transformam em medos, angustias, ansiedade e melancolia.

È preciso entender que estas pessoas sofrem e muito, que essa dor e a “dor da alma”, de uma forma ou de outra acaba afetando o corpo, “o corpo fala”, não é egoísmo, frescura, dissimulação, fingimento, mentira ou querem chamar a atenção, isso chama-se sofrimento psíquico, uma distorção cognitiva a respeito de si, seus pensamentos são sempre negativos.

Boa parte das pessoas com pensamentos suicidas dão sinais, tentam de alguma forma explicita seus pensamentos desorganizados.

E um processo complexo e quero chamar a atenção de todos para a gravidade que vem se acentuando, precisamos agir com empatia, escutar as pessoas, saber que nem todo mundo que falar, as vezes a única maneira que consegue pedir ajuda é de uma forma tímida e amedrontada, o simples fato de estar com alguém do lado, ajuda na regulação do humor e a diminuir a solidão interna.

Evite deixar esta pessoa sozinha, proteja-a, não julgue o que ela menos precisa são de opiniões enfraquecedoras, fortaleça-a com sua presença, para que ela possa confiar e sentir segura e procurar ajuda, essa pessoa precisa de terapia medicamentosa e psicoterápica para que possa enfrentar seu sofrimento psíquico.

Não rotulem, ajam com compaixão, falem sobre o assunto, isso ajuda a diminuir pensamentos suicidas e negativos sobre si, sobre o mundo e sobre o ambiente.

Os casos de suicídios em adolescentes são maiores, isso se dá a vários fatores, um deles o conflito interno na fase do desenvolvimento; idosos também sofrem e cometem suicídio por perda de seus papéis, solidão, situação financeira entre outros, mas o que tem chamado atenção são as crianças que verbalizam aos seus pais o desejo de suicidar, é preciso um olhar cuidadoso para o momento que vivemos.

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Muitas pessoas negligenciam a doença, outras nem importância dão, acham que a pessoa que fala sobre o suicídio quer chamar atenção, será? Sua fala pode dizer muito, inclusive pode ser um pedido silencioso de ajuda, olhe a sua volta, seja mais sensível e empático à dor do próximo,

Vale ressaltar aqui, que quando uma pessoa comete o suicídio ela não morre sozinha, pessoas em sua volta sofrem a dor, e morrem junto mesmo estando vivo.

Sueli Oliveira

À Psicóloga

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Imagem: Freepik

 

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