Neste mês de março tenho andado de um lado para outro, de um evento a outro, viajando para palestrar, mas também para aprender e ouvir.
Quem me conhece sabe o quanto gosto de conhecer as histórias de vida das mulheres, costumo dizer que quem vê a embalagem nem imagina o conteúdo, não tem ideia do quanto uma mulher lutou para estar onde está, e não precisa ser CEO de uma multinacional, presidente de uma organização internacional ou chefe de família, me refiro a cada uma de nós.
E mesmo que você pense que sua vida é comum e sem graça, quero te dizer que você se engana, essa crença que a grama do vizinho é mais verde é mentira, a sua grama e o seu jardim são únicos e extraordinários.
Numa roda de conversa, alguém disse que é impossível tirar a liberdade das mulheres, pois mesmo se estivermos em condições adversas, somos capazes de sonhar, de voar em pensamentos, somos livres para pensar e imaginar…
Cheguei à conclusão que nós temos a capacidade de quebrar algemas, romper barreiras, ignorar limites, e, se você dúvida, lembre-se da sua própria mãe, no legado de força e coragem que ela te deixou.
Sou filha de uma mulher revolucionária, seus pais imigraram para o Brasil com a promessa de uma vida próspera e encontraram uma dura realidade na roça, vivendo do cultivo, sem falar o idioma português, morando numa casa de pau a pique onde vivia com os pais e 5 irmãos.
Ir para a escola era um privilégio numa família tão numerosa, então a cada ano os pais decidiam quais filhos conseguiriam prosseguir com os estudos, ou seja, apesar da educação ser descontinuada, eles sabiam que estudar era a única saída para uma mudança de vida.
Minha mãe chamava-se Olga e era uma visionária que resolveu ser médica e se formou na USP em 1954, desde então tornou-se uma mulher que apoiava outras mulheres, uma ginecologista que incentivava as pacientes a serem protagonistas da própria vida, pregando que a independência financeira proporciona liberdade para decidirmos o que ser, para onde ir e o que queremos fazer.
Lembro que quando ela chegava nos lugares, causava um certo burburinho, era a médica que amava ler os livros da Simone de Beauvoir e da Anais Nin, a mãe que ensinava para as filhas que não deveríamos ser princesas esperando por um príncipe encantado para nos salvar, afinal, nós deveríamos ser capazes de nos salvar sozinhas sem depender de ninguém, sem precisar beijar sapos.
Ela me incentivava a estudar, a desbravar o mundo e também permitia que eu caísse, quebrasse a cara e ficasse estatelada no chão, dizia que era assim mesmo, que a vida não é fácil para ninguém e que o importante era aprender a rir de si mesma, com leveza e alegria.
Então, se você está esperando alguém para te dar um empurrão para a vida, olhe para o espelho e vai encontrar a pessoa certa para te ajudar, assume que você é responsável por suas escolhas, seus resultados, seu sucessos e fracassos.
Pode até ser que um time de amigas esteja ao seu lado te incentivando, mas quem tem a chave para ligar esse motor de decisões é você mesma.
Então, se abasteça de ousadia, abra suas asas e voe para a liberdade de ser quem você é na sua essência, para ser sua melhor versão, com autenticidade e verdade.
“Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos.” Anais Nin
**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.
Imagem 01: Freepik
Imagem 02: Pensador