Hoje começarei meu texto com a frase – Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir, não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir – atribuída a um dos autores mais complexos que tive a oportunidade de ler algumas obras, Friedrich Nietzsche. De verdade não sei se a frase é realmente dele, mas estou determinado a buscá-la no livro intitulado – Assim Falava Zaratrusta – obra a qual dizem que a frase foi citada. Mas vamos ao que interessa.
Quando li essa frase pela primeira vez pensei em todas as formas que a cultura e as mídias de forma geral tentam nos convencer de um modelo adequado de vida. A todo momento somos bombardeados por estereótipos de beleza, estilo, carreira e todas as formas de ser e viver que direcionam a tendencias que vem sempre é o que queremos. Mesmo assim com tantos estímulos e o volume de pessoas a nossa volta seguindo na mesma direção é muito comum que nos deixemos levar por essa onda.
Todos nós sofremos as inferências da cultura onde nascemos e crescemos. Tendencias de época, valores dos nossos descendentes, atitudes e comportamentos dos movimentos sociais, peculiaridades dos grupos que fazemos parte, ou seja, tudo a nossa volta contribui para formação ou validação do nosso jeitão de ser. A grande questão aqui é se “esse jeitão” é realmente o que você é ou o que acreditam e te convencem que você seja?
Claro que não estou dizendo que as pessoas fazem por mal ou para nos prejudicar, mas acabam de alguma maneira colocando crenças e rótulos em nós que chegam, muitas vezes a nos convencer, que é assim que somos. É aí que mora o perigo do desencontro com o que realmente somos ou gostaríamos de ser.
Nesse momento que somos de certa forma classificados como isso ou aquilo, vem as frases celebres de “esse aí vai ser advogado”, “aquela ali, será doutora”, “fulano não tem jeito para nada”. Frases que parecem soltas, mas que dependendo de quem profere cria uma marca difícil de desconstruir.
Tudo isso que estou descrevendo faz parte de uma fase comum de projeção e especulação familiar e social. Seja sem querer ou de propósito, e é muito comum a projeção das pessoas sobre os outros. Lembro como se fosse hoje, numa época que trabalhei com vendas na mesma empresa do meu pai e chegou o relatório da primeira comissão. Meu pai falou para minha mãe “agora ele pega gosto pela venda”, para engano dele até hoje não é o dinheiro que me move, claro que eu gosto de que o dinheiro me proporciona, mas ele nunca foi o motivo das minhas escolhas. A projeção do meu pai em mim não tinha nada a ver comigo, mas por ser uma figura importante na minha vida gerou um peso durante um bom tempo.
Quando conseguimos nos libertar desses momentos e começamos a percorrer o caminho libertador do autoconhecimento entramos numa aventura fértil em busca de descobrir o que realmente é importante e tem a capacidade de nos impulsionar no dia a dia. E é exatamente neste ponto que quero chegar com vocês nessa reflexão:
“Será que você já percorreu caminho suficiente para reconhecer o seu verdadeiro talento? Aquela habilidade que simplesmente flui de você a ponto de passar um dia sem nem perceber o tempo?”
Gastamos tanto tempo e esforço tentando ser algo que as pessoas diziam que seríamos, buscando fazer coisas que falaram que era a nossa cara e nos transformamos em algo que nós mesmos não nos reconhecemos. E levamos isso tão a sério na nossa vida que chegamos a nos desenvolver e entregar essas funções com excelência, numa proporção de qualidade que nos leva a acreditar que era isso mesmo que deveríamos fazer. Mas, lá dentro você sabe que mesmo sendo muito bom no que você faz hoje, parece que falta algo, sua energia se esgota ou se quer aquilo tem importância.
Talvez o que falta em muitos de nós é reconhecer e aceitar o que realmente é nosso como talento e buscar onde e como podemos colocar esse talento em prol de algo significativo para que possamos viver uma vida honesta com a gente mesmo, nos reconhecendo em cada detalhe, admirando cada etapa do processo e mesmo com o desgaste da energia a satisfação ainda é maior.
E é por isso que comecei o texto com aquela frase para dizer que não importa quanto tempo você gaste para identificar e reconhecer o que realmente é seu talento e como coloca-lo em prol de algo significativo, nesse momento não deixe ninguém dizer quaisquer outras coisas que não seja, siga teu caminho.
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