Brasil, o país da enganação! 

Se o leitor acha que a situação da violência urbana no Brasil é péssima, saiba que é muito pior do que imagina. As informações lançadas no cotidiano sobre criminalidade são superficiais e mostram muito pouco sobre o verdadeiro problema que estamos enfrentando. Os debates na mídia sobre esse tema são rasos como um pires. O que não falta é “especialista em segurança” palpiteiro que apresenta soluções simples para problemas complexos. É como receitar uma aspirina para curar paciente com câncer. Um verdadeiro festival de desinformação, e o pior, é que muita gente acaba acreditando.

A conta da segurança pública não fecha há muito tempo. É um jogo de faz de contas onde esquecemos de priorizar políticas públicas corretas e com visão de futuro. A conclusão é que assistimos muita politicagem, pouca seriedade e amadorismo absurdo. Vou citar um exemplo simples para a reflexão do leitor: a população carcerária brasileira, atualmente, está em torno de 711.463. O próprio governo federal concluiu que existe um déficit de 354 mil vagas no sistema; os presídios estão superlotados. Ou seja, para regularizar essa situação precisaríamos investir na construção de pelo menos mais 400 mil novas vagas, assim teríamos até uma pequena folga.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que o Brasil conta atualmente com 341.037 mandados de prisão em aberto. Essa massa de foragidos da Justiça está praticando crimes diariamente e é óbvio que o quanto antes forem levados à prisão mais rápido reduziremos os índices criminais. Não precisa ser expert em segurança pública para entender esse raciocínio simples e lógico. Vamos imaginar que todo o aparato policial brasileiro, com ajuda das forças armadas, se reunisse por 30 dias para fazer cumprir os mandados de prisão expedidos pela justiça criminal em todos os Estados e que conseguíssemos prender 1/3 de todos os foragidos; o que seria plenamente possível.

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A pergunta chave seria a seguinte: onde iríamos colocar 113.677 presos do dia para a noite? Não teríamos espaço carcerário suficiente para aprisionar tantos criminosos de uma só vez num curto espaço de tempo.

Esse é um dos exemplos do “faz de contas” que o Brasil vive há décadas, por pura incompetência dos administradores dos três poderes responsáveis pelos sistemas de segurança pública e justiça criminal. O “me engana que eu gosto” é um termo antigo no Brasil, de senso comum e que vem passando de geração em geração, ou seja, é a aceitação da enganação.

Sabemos que estamos no caminho errado, insistimos no erro, e o pior, continuamos a “bater palmas para louco dançar”.

 

 

 

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Imagem: Sinted

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