Alguns amigos e leitores já me perguntaram qual a diferença entre uma degustação horizontal e vertical, a degustação é uma prática comum dos apreciadores de vinhos que frequentemente, admiram a bebida com safras, estilos, produtores, uvas e regiões diferentes. Como minha proposta sempre foi fazer a coluna de forma que fosse interessante para iniciantes, iniciados e curiosos no mundo do vinho, estou aqui para descomplicar e explicá-los de maneira simples o que são e como funcionam essas degustações.
A experiência é enriquecedora, pois cada gole irá significar uma imersão profunda em uma história que o seu paladar poderá te revelar.
A degustação horizontal permite avaliar o trabalho do enólogo no vinho produzido. Já observou que um vinho, de mesma safra, uva e região, podem ter características bem diferentes?
Na degustação denominada “horizontal” os vinhos experimentados são do mesmo tipo, variedade de uva, região e safra, porém de vinícolas diferentes. Ou seja, vinhos com características teoricamente idênticas, mas de produtores distintos. Por se tratar de vinhos do mesmo estilo de uma mesma safra podemos ter um horizonte de como foi àquela safra, como foi seu comportamento, clima e qualidade. Na Europa, por exemplo, a safra de 1984 foi muito difícil. Só a Espanha conseguiu produzir alguns bons vinhos (Rioja, Ribera del Duero e Penedés). A Califórnia produziu excelentes Cabernets que hoje estão no pico de maturação.
Neste tipo de experiência é possível comparar a forma como vários enólogos trabalham a mesma casta de uma determinada região e quais os resultados, semelhantes ou não, são obtidos de uma mesma safra.
Chamamos de “vertical” a degustação em que se é apreciado e comparado um rótulo específico de um único produtor, mas de diferentes safras. Não há uma regra para escolha das safras e os vinhos podem ser de safras consecutivas ou de décadas diferentes, por exemplo.
Cada safra irá demonstrar uma energia, potência e sabor diferente da outra. Ou seja, uma degustação vertical se refere a safras diferentes de um mesmo vinho.
Neste tipo de análise, é possível identificar as mudanças e evolução de um determinado vinho em função do comportamento de cada safra e do seu próprio envelhecimento.
Por que diferente, se é o mesmo vinho?
Existem safras que se destacam de outras devido às suas condições climáticas. Podemos dizer que se o clima, o solo e os níveis de chuva são ideais, o resultado será uma uva de melhor qualidade. A safra de 1982 é talvez a mais aclamada e unânime safra de todos os tempos para a França, Itália, Espanha e Portugal, que produziram vinhos espetaculares em diversas de suas regiões. Em Bordeaux os tintos são sucessores dos grandíssimos 1961 e 1945. O tempo de envelhecimento de uma safra também gera consequências no vinho degustado. O sabor e algumas características adicionais, como aroma e cor, mudam com o passar do tempo.
Com a degustação vertical, podemos acompanhar a evolução de sabores que um vinho passa e, também, as influências do terroir na bebida.
Para gravar
Uma degustação vertical é aquela onde se provam ou se degustam diferentes safras de um mesmo vinho. Horizontal é, então, uma degustação onde se provam diferentes vinhos de uma mesma safra. É só isso, e nada mais! Assim simples! As diferenças entre esses vinhos devem-se às safras propriamente dita, ou à idade do vinho.
A Degustação de Vinhos é um excelente exercício para se aprender um pouco mais sobre o universo enológico, não é mesmo? É a partir dessa prática que conseguimos identificar as principais características e estilos de um vinho. Essa postagem serve para inspirar você a promover e fazer diversas degustações. Sozinho, em casal ou com os amigos, pois o melhor método para se aprender sobre vinhos é comparando.
Não se esqueçam da degustação às cegas. Nela, vale tudo. O importante é tapar com capas específicas ou com papel alumínio as garradas e deixar os convidados fazerem suas sugestões do que estão bebendo. É muito, mas muito divertida!
Uva de hoje
Carignan – Vou falar desta uva hoje não pela quantidade produzida dela, mas sim pela qualidade e por ser uma uva muito interessante. Nativa da Espanha espalhou-se pela Itália e pela França, mas é no Chile que vem ganhando papel de protagonista. Praticamente toda a sua produção é usada para fazer vinho de corte, ou seja, para mesclar com outras uvas, mas se você encontrar um vinho feito só com Carignan, vale a pena conhecer. Tem um toque balsâmico muito legal e muitas vezes lembra aquele Biotônico Fontoura, que você bebia quando era criança, lembra?