Crítica: Jogos Mortais: Jigsaw (Jigsaw)

A franquia Jogos Mortais tem lugar cativo na minha galeria cinematográfica e na minha memória afetiva. Após assistir ao primeiro filme lançado em 2004, imediatamente adicionei um novo exemplar à minha galeria de favoritos dentro de um gênero. Me lembro de à partir do ano seguinte, e nos anos que vieram à seguir, de 2005 à 2011, de seguir sempre o mesmo ritual no mês de outubro, sempre o mês em que as sequências de Jogos Mortais foram lançadas nos cinemas. Eu saía do trabalho, comprava um lanche e assistia ao filme da vez, sozinho e com os pés sobre o encosto da poltrona da frente. Hehe…

Com um orçamento mega-modesto, Jogos Mortais foi um dos hits surpresa de 2004. O filme foi um enorme sucesso de bilheteria, e surpreendentemente, também de crítica. O nome do jovem diretor James Wan foi parar no mapa de Hollywood, e hoje Wan é o maior nome do cinema de horror da atualidade. Com relação às sequências, a franquia Jogos Mortais conseguiu a façanha de se manter firme até seu quarto exemplar, mesmo que o seu personagem central, o assassino John Kramer (conhecido como Jigsaw, o assassino do quebra-cabeça), tenha morrido oficialmente no filme anterior. Wan dirigiu apenas o primeiro filme, passando o bastão para outros diretores nas sequências, que foram se tornando cada vez mais fracas a cada exemplar lançado, principalmente do quinto filme em diante. Ainda assim, a saga sempre conseguiu manter seu apelo e boa bilheteria, além de encerrar seu arco narrativo de maneira até decente, fazendo uma ponte entre o primeiro e o sétimo e até agora, último filme da franquia.

Quando os primeiros boatos em torno de um novo Jogos Mortais começaram a circundar a web, confesso que pouco me empolguei. Como reiniciar uma saga cujo personagem que dá nome à mesma já está morto e enterrado há séculos, e cujo ciclo narrativo já foi encerrado? De qualquer maneira, comecei a me animar um pouco quando soube que os irmãos Michael e Peter Spierig estariam incumbidos da nova sequência. Os Spierig são os responsáveis por uma das melhores ficções-científicas lançadas em décadas, o enlouquecedor O Predestinado (Predestination), lançado em 2014 e protagonizado por Ethan Hawke. E com os nomes dos Spierig encabeçando a produção, comecei a pensar que talvez o sádico (porém justo) assassino Jigsaw, que é chegado em uma boa e velha tortura para fazer suas vítimas acordarem para a vida (ou partirem dessa para melhor, na maioria dos casos), talvez realmente tivesse mais uma vela para queimar.

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E o resultado é este Jogos Mortais: Jigsaw (Jigsaw, EUA, 2017), filme que se apresenta com um mistério: quando corpos desmembrados e com a marca do assassino Jigsaw começam a aparecer e se acumular, a polícia tenta encontrar uma explicação. Estaria John Kramer inexplicavelmente vivo? Ou teria ele um imitador fanático? Nenhuma das anteriores? Ou ambas? As eventuais respostas à estas perguntas seriam, é claro, gigantescos spoilers. E eu não quero ser jurado de morte por ninguém, portanto não vou vazá-las aqui. Porém, posso adiantar que dois pontos sempre importantes em todos os outros filmes da franquia, que consistem em suas aberturas e suas (quase) sempre surpreendentes montagens finais, me decepcionaram.

Contudo, tem bastante coisa em Jigsaw para os fãs da saga apreciarem, principalmente no que diz respeito às novas armadilhas sadicamente mortíferas e seus cenários. A maneira com que as armadilhas foram concebidas soa nova e original, inclusive colocando a inédita hipótese de que uma delas poderia vir a dar errado.

Estruturalmente, Jigsaw se assemelha bastante ao segundo filme da série, principalmente no cenário em que a trama central se desenrola. A já exausta ideia do indivíduo forçado a olhar para trás e se redimir de seus erros na base da dor e do sofrimento é finalmente descartada aqui, e em seu lugar, um grupo de pecadores, que não compartilham de nenhum tipo de conexão, são forçados a trabalhar juntos. Entre uma armadilha e outra, o roteiro da dupla Josh Stolberg e Pete Goldfinger (Pacto Secreto, 2009 e Piranha 3D, 2010), oferece um bom desenvolvimento dos personagens, além de alguns sustos bem executados. Por diversas vezes, Jigsaw consegue ser uma sequência esperta, que brinca com as expectativas do público, e que encontra novas maneiras de desenrolar elementos familiares da série.

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O filme dos irmãos Spierig também tem alguns problemas no que diz respeito ao excesso desnecessário de CGI. Algumas das armadilhas se apóiam demais nos efeitos-visuais, o que diminui um pouco o impacto visceral que tornou a saga o que é hoje. Como era de se esperar, a produção tem alguns momentos violentamente brutais que farão o espectador desviar o olhar, mas também traz momentos obviamente criados por computador que diminuem a força de algumas das sequências. No que diz respeito ao elenco, Jigsaw mantém o padrão de todos os outros exemplares da saga (com exceção do primeiro filme, muito bem interpretado por todo o elenco), sem surpresas, porém também sem nada comprometedor. Os destaques vão para Hannah Emily Anderson (do recente Love of My Life), no papel de uma cientista-forense, e Laura Vandervoort (Ted, 2012), que interpreta uma das vítimas do jogo. A mais impulsiva delas, na verdade. Completando, o veterano Tobin Bell faz o máximo possível com seus momentos em cena, quando eles eventualmente chegam, lembrando o público do magnetismo de gelar a espinha que fez de seu John Kramer um ícone do horror.

Como fã da franquia Jogos Mortais que sou, não fui totalmente convencido por este Jigsaw. Em alguns momentos, é um filme bastante divertido, e não deixa de ser um deleite acompanhar o desenrolar dos novos jogos, enigmas e armadilhas. Contudo, em outras passagens o filme não mantém a força, e as intrusões de CGI ao longo do caminho não ajudam. Apesar dos problemas, ainda assim o filme se segura. O elenco é esforçado e funciona, e a duração padrão de 90 minutos passa voando aos olhos do espectador. E nestes noventa minutos você vai se esquivar, se contorcer, e tentar entender o que diabos está acontecendo. É a máxima de Jogos Mortais, bem aí.

Jogos Mortais: Jigsaw estreia nos cinemas brasileiros no dia 30 de novembro.

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Uma resposta

  1. O longa assume seu lado gore e não poupa o espectador das mortes e gritos agoniantes que ficam ecoando pelo cinema. É um verdadeiro banho de sangue. Os filmes de terror evolucionaram com melhores efeitos visuais e tratam de se superar a eles mesmos. Eu gosto da atmosfera de suspense que geram, e em O Conto acho que conseguem muito bem. O filme foi uma surpresa pra mim, já que apesar dos seus dilemas é uma historia de horror que segue a nova escola, utilizando elementos clássicos. Com protagonistas sólidos e um roteiro diferente.

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