Medo e a Moral

Por muito tempo busquei ter coragem e me julguei muito mal por ter medos de algumas coisas. Minha vulnerabilidade foi colocada a prova em diversas situações da minha vida e eu me achei fraco por isso. Até hoje quando lembro de alguns momentos da minha história, me sinto por mal por ter sentido medo.

Mas será que medo e falta de coragem estão simplesmente ligados a situações emocionais? Será que tem algo de racional no medo? Esses são pontos importantes para mim: entender como eu funciono diante de circunstâncias adversas. Mais do que ficar me julgando se deveria ou não sentir medo e mais do que simplesmente buscar coragem para fazer algo, quero saber o que está por traz disso.

Partindo do princípio de que o medo é uma das emoções básicas, então ele tem um propósito para existir e não posso mais ignorar isso.

Vamos entender algumas diferenças sobre o que estou chamando de medo. Tenho muito medo de altura, posso voar em quantos aviões forem precisos, porque não tenho a sensação de altura, mas se chego perto de uma janela de um prédio, minhas pernas tremem. Se estou com a minha filha e ela chega perto de algo alto, eu corro em sua direção e tiro ela de lá imediatamente. Esse medo não me incomoda, parece que ele não fala sobre mim, é como se fosse uma força externa a mim e que não diz sobre a minha falta de coragem, então simplesmente eu evito lugares altos e está tudo bem.

Fabio Netas em atuação na Plenário em Workshop de Team Building

Outro medo que as vezes eu sinto é sobre o meu trabalho. Por trabalhar com palestras e treinamento com muito frequência encaro grandes plenárias com mais de 300 pessoas e públicos muito experientes, isso me traz uma preocupação sobre a qualidade do trabalho que vou entregar e se não tomo cuidado afeta até a minha crença se sou realmente capaz ou não.

Essa questão moral, diferente da altura, me traz um movimento diferente, me afetando diretamente sobre quem eu sou e como lido com os meus desafios. Além disso não tenho e nem quero evitar a situação, mas sim superá-la, por isso, busco me preparar ainda mais, me antecipar a possíveis problemas e encontro forças para fazer a melhor entrega possível deste trabalho, ou seja, eu encontro a coragem no preparo.

Agora tem algo que me traz muito medo quando o impacto do que está acontecendo ou pode acontecer, afetará diretamente outras pessoas e onde a responsabilidade sobre essa decisão é minha. Estou falando em momentos decisivos, por exemplo, com a minha família ou empresa. Por mais que tenho pessoas por perto e que de alguma forma sempre me auxiliam, tem decisões que a palavra final é minha e o resultado será minha responsabilidade. Neste exemplo o medo me afeta de forma mais avassaladora, a ponto de mudar ou retardar alguns planos.

Por exemplo, estando em Portugal nessas férias e pensando em morar lá, tive momentos de pânico quando me imaginei longe de tudo e todos, assumindo a mudança da minha família e de alguma forma me sentido responsável por tudo que aconteceria diante dessa decisão.

O futuro desconhecido nesse nível de impacto familiar me levou a um grande medo, o bom é que posso controlar o tempo dessa decisão, mas a questão é que existe um desejo e agora preciso debruçar e entender o que me afeta e como posso de alguma maneira me preparar para o que virá pela frente.

Na empresa é bastante parecido, porque vidas estão em jogo, sustentos de famílias estão em jogo, é muita responsabilidade e incertezas num mundo corporativo tão volátil. Então busco dados e apoio para tomarmos as melhores decisões.

Em resumo a vida não é fácil, mas entendi escrevendo aqui para vocês, que a maioria dos meus medos estão diretamente ligados a questões morais sobre a minha imagem, de como eu lidarei caso os resultados não sejam os esperados.

Mas, também aprendi, que é importante olhar para esses medos, buscar entender a sua importância e propósito para que não abandone meus sonhos e possa construir de forma saudável as melhores decisões, para mim e aqueles que convivem comigo.

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Imagem 01 e 05: Edição Rachid

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