aJá reparou que tem gente que precisa se afirmar o tempo todo? Não sei se você conhece gente assim, mas muitas vezes elas competem até na desgraça, rsrs. Você comenta com a pessoa “nossa estou com uma dor no pé” e a pessoa responde “porque você não está sentindo a minha dor na perna”, e assim vai com tudo. A necessidade é tão latente de se sentir importante que não aguenta não falar de si o tempo todo. Muitas vezes são profissionais qualificados, pessoas de boa aparência e de boa capacidade cognitiva, mas com uma autoestima baixa e geralmente disfarçada numa postura sólida e impositiva.
Chego a pensar que de alguma forma todos nós já passamos por momentos assim na vida. Sinto que temos fases mais inseguras e cheias de dúvidas, são fases desafiadoras que exige muito de nós exatamente por não sabermos nosso devido valor e lugar. Mas será que nunca encontramos esse lugar? Em algum momento da nossa jornada é preciso encontrar nossas forças e ter claro nossos valores, são esses pontos que de alguma forma irão sustentar nossa percepção de importância.
Tenho que confessar duas sensações distintas quando me vejo essa relação com pessoas que precisam falar de si e buscar essa autoafirmação em tempo integral. A primeira confissão é que muitas vezes essas pessoas me irritam bastante e me fazem perder qualquer tipo de interesse em conversar ou saber mais sobre algo. Tenho a impressão de que a conversa nunca será sobre o que realmente preciso ou o que realmente importa. São pessoas que dificilmente irão ouvir de verdade, o que normalmente os desqualifica como opção quando a conversa é para apenas desabafar e nos sentirmos acolhidos e não comparados.
A segunda confissão é que as vezes eu preciso dar um tempo para conhecer melhor a pessoa, porque muitas vezes as conversas começam com cada um falando de si mesmo, mas é perceber como as coisas se encaminham quando alguém fala e como o outro reage. Tem momentos durante as conversas que somos convocados a falar sobre nós, e isso é fundamental para dar um suporte e exemplos quando a pessoa pede ou faz sentido para sustentar que também vivemos aquela situação de alguma forma.
Vamos então ao que interessa, por que falar disso? Para que possamos atingir as duas pessoas interessadas numa boa conversa, o comunicador e o interlocutor. De alguma forma quero ajudar as pessoas a tomarem consciência desse movimento que nem sempre é consciente e que elas vêm repetindo essa postura nas suas relações e o quanto isso vai afastando pessoas e reduzindo possibilidades de boas conversas porque ninguém teve coragem de dizer para elas “Nem tudo é sobre você” ou “Nem sempre o mundo está te julgando” para que elas possam entrar de forma despretensiosa nas conversas e serem realmente boas companhias para quem está por perto. Do outro lado trazer à tona para os interlocutores que as pessoas que estão sempre falando de si, se autoafirmando, as vezes até competindo por essa atenção tem por traz dessa ação uma intensão positiva de apaziguar uma necessidade interna de aceitação e importância e muitas vezes não percebem que esse comportamento gera exatamente o contrario do que esperam, é mais fácil perder do que ganhar atenção e importância quando somos assim.
Se eu pudesse dar uma sugestão, respire fundo, ouça e só fale sobre você se realmente for relevante para o outro ou quando for solicitado o seu exemplo.
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