As coisas nem sempre parecem ser o que são. Muitas vezes julgamos as situações no primeiro momento que elas nos acontecem. Nossa mente avalia rapidamente as pessoas assim que começamos a nos relacionar com elas. Quando algo não sai do jeito que imaginamos logo nos frustramos e as vezes até desistimos. Quando algo parece que vai dar certo então, ficamos cegos de alegria e nem conseguimos enxergar qualquer adversidade que possa acontecer. Na verdade, é muito comum nossa mente julgar tudo pelos extremos. Ou algo é bom ou é ruim. Ou a pessoa presta ou ela não presta. Ou tudo vai bem ou vai mal. Ou é para ser ou não será. E muitas vezes nem damos o tempo suficiente para que as coisas possam realmente acontecer e as pessoas possam mostrar como realmente são.
Nem sempre entendemos por que algumas coisas acontecem, mas imediatamente julgamos se aquilo que está acontecendo é somente bom ou somente ruim. E é exatamente nesse ponto que quero chegar, equivocadamente singularizamos o significado e a importância das situações que acontecem. Claro que eu sei que tem coisas que são ruins e outras são significativamente boas. Não tenho dúvidas, conheço pessoas boas e pessoas de coração muito ruim, infelizmente. Mas quantas vezes já vivi experiencias boas e ruins com a mesma pessoa. Quantas vezes uma situação boa terminou ruim e visse e versa. O que será que isso tudo pode nos dizer?
O texto de hoje saiu de uma parábola de Jesus que está em Mateus 13, a parábola do Joio. Em resumo o dono do campo não deixa seus servos arrancarem o Joio antes que ele cresça, porque no início do crescimento do plantio eles poderiam arrancar o Trigo junto. Então orientou que esperassem até o momento da colheita e aí sim, Trigo e Joio cresceram juntos e naquele momento os servos conseguiriam separar o Joio para queimá-lo e o trigo eles poderiam guardar no celeiro. No meu humilde entendimento quando tentamos extrair tudo aquilo que nosso entendimento parece ruim podemos ao mesmo tempo retirar junto várias coisas boas que estariam por vir. Nem sempre temos clareza e discernimento para avaliar de forma clara e coerente situações e pessoas, mesmo assim saímos extraindo do nosso “campo” tudo aquilo que aparentemente não é bom, mas sem perceber arrancamos junto oportunidade de colhermos boas coisas num momento futuro.
O que consigo extrair de tudo isso é uma realidade muitas vezes caótica da nossa mente de tentar antecipar e presumir de forma precoce a qualidade do que estamos vivendo ou com quem estamos convivendo. Além disso é muito frequente uma avaliação extremista e fantasiosa de que em algum momento a vida será somente boa e que poderíamos conhecer apenas pessoas de bom coração. O grave problema é esse ego gritando ao mundo como se fosse perfeito e esquecendo que nós também não somos simplesmente ou somente bons e que não contribuímos somente de forma positiva na vida daqueles que convivem conosco. Vivemos uma vida na esperança ingênua e fantasiosa de que receberemos do mundo aquilo nem mesmo nós conseguimos entregar.
No final o que percebo é que precisamos para de esperar que a vida nos dará apenas trigo, afinal nós também hora somos joio e hora somos trigo.
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