Crítica: Escape Room (2019)

Escape Room

Confesso que em dado momento deste Escape Room (EUA, 2019), me peguei surpreso com o quanto o filme estava me divertindo. É a segunda vez em poucos meses que um filme sobre pessoas solucionando quebra-cabeças me surpreende. Na primeira vez, foi o inacreditável thriller italiano The Laplace’s Demon (cuja crítica também está disponível aqui no Portal do Andreoli), e agora, este thriller do diretor Adam Robitel (de Sobrenatural: A Última Chave, cuja crítica também está disponível aqui no Portal), que em seus melhores momentos parece uma mistura de Cubo com Jogos Mortais censura doze anos. O que, acreditem, não é nada ruim, já que o filme não depende do gore para empolgar a plateia.

Zoey (Taylor Russell, da nova versão da série Perdidos no Espaço), Jason (Jay Ellis, do vindouro Top Gun: Maverick), Ben (Logan Miller, do thriller O Bom Vizinho), Amanda (Deborah Ann Woll, das séries Daredevil e The Punisher), Mike (Tyler Labine, de Tucker & Dale Contra o Mal), e Danny (Nik Dodani, do citado O Bom Vizinho), formam um grupo de estranhos que compartilham algo em comum: todos estão enfrentando algum tipo de problema pessoal, e todos foram misteriosamente convidados para o tal escape room do título, o que à princípio, soa como uma nova oportunidade de acertar as coisas. Danny, que parece conhecer o conceito do tal local melhor do que todos os outros, explica o lance para seus novos companheiros e para o público que não leu a sinopse do filme antes de ir ao cinema.

A pegada, como os jogadores virão a descobrir, é que as salas que formam o local do jogo são armadilhas mortais, e que alguém jogou uma partida bastante longa para que estas seis pessoas específicas viessem parar ali para acabar lutando por suas vidas. Quando o grupo constata que que esta não é a agradável experiência recreativa pela qual estavam esperando, eles precisarão encontrar uma saída do escape room para sobreviver.

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Apesar da premissa esgotada pelas citadas franquias Cubo e Jogos Mortais e do início um tanto vagaroso, uma vez que o jogo começa o nível de tensão só aumenta, e de maneira eficiente, graças ao bom trabalho do diretor Robitel, que garante um bom ritmo ao filme e deixa no espectador a impressão de estar jogando ao lado dos personagens. O público sente a pressão do relógio e do sadismo envolvido, ainda que como mencionei, o filme não se apóie no gore ou na violência, mas sim em ótimas sacadas de Robitel e dos roteiristas Bragi F. Schut (Caça às Bruxas, 2011) e Maria Melnik (de alguns episódios da série American Gods).

Entretanto, o mesmo roteiro não consegue sustentar a premissa até seu final. Quando o desenho geral da história fica claro, Escape Room acaba preso pelas convenções e em algumas passagens parece copiar outros filmes do gênero que compartilham da mesma ideia central. Na ânsia de também se tornar uma franquia, Escape Room perde o foco de suas maiores qualidades e abre mão de sua personalidade. Filmes como Cubo, Jogos Mortais e até O Jogo (The Game), tremendo thriller dirigido por David Fincher em 1997, dependem do sadismo e do tom conspiratório, e durante boa parte deste Escape Room, o filme é sobre colaboração e resolução de quebra-cabeças. Pode não ser muito, mas acaba sendo mais divertido do que o esperado e soa como algo novo.

Escape Room claramente foi concebido com a pretensão de se tornar uma série/franquia, o que é uma pena já que ao esticar o arco narrativo sem necessidade, a produção derrapa na ideia de conectar sequências e prequels. Onde o filme brilha é justamente na simplicidade de se juntar seis personagens de diferentes origens, e forçá-los a experimentar uma situação de vida ou morte sem precisar apelar para o sangue ou a crueldade que permeia a grande maioria dos thrillers hoje em dia. Quando tenta caminhar por si só, Escape Room é surpreendentemente original e excitante. Quando tenta ser outra franquia, acaba pego em sua própria armadilha.

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Escape Room estreia nos cinemas brasileiros no dia 07 de fevereiro.

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