Crítica: Godzilla II: Rei dos Monstros (Godzilla: King of the Monsters) | 2019

Godzilla

As pessoas adoram um monstro. Hollywood por exemplo, é louca por eles. E dentre tantos exemplares envolvendo criaturas gigantes e inomináveis como Cloverfield: Monstro (2008), Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013), Colossal (2016), entre outros, o cinemão americano acaba sempre retornando à fonte e inspiração para todos eles: o lagartão Godzilla. Criado no Japão em 1954 por Tomoyuki Tanaka, Ishiro Honda e Eiji Tsubaraya, Godzilla popularizou o termo “Kaiju”, nome dado ao subgênero do cinema japonês que traz monstros gigantes em sua trama, geralmente atacando grandes cidades ou lutando contra forças militares e/ou outros monstros.

Depois de várias produções nipônicas sobre o monstro/herói de Tóquio, Hollywood trouxe o monstrão aos EUA pela primeira vez em 1998, sob a direção do quebra-tudo Roland Emmerich (Independence Day, 1996), com resultado irregular. Quase 20 anos depois, em 2014, o lagartão radiativo ganhou uma nova chance sob a direção de Gareth Edwards, que havia dirigido a ótima sci-fi dramática Monstros (Monsters), em 2010. Apesar do resultado bastante superior ao filme de 98, o Godzilla de Edwards ainda não era o filme americano que a criatura merece, o que se concretiza neste Godzilla II: Rei dos Monstros (Godzilla: King of the Monsters, EUA/JAP, 2019), filme que é uma sequência direta da produção de 2014 e que se passa no mesmo universo compartilhado de Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island, 2017), filme dirigido por Jordan Vogt-Roberts e que marcou o retorno às telas de outro monstro querido, o macacão King Kong. Vale lembrar que Godzilla Vs. Kong já tem estreia programada para 2020 sob a direção de Adam Wingard (do excelente O Hóspede, cuja crítica você também encontra aqui no Portal do Andreoli).

Godzilla II: Rei dos Monstros é dirigido por Michael Dougherty, nome já escolado no cinema de entretenimento americano, com créditos como roteirista em filmes da franquia X-Men e Superman: O Retorno (2006), e como diretor nas produções de horror Contos do Dia das Bruxas (Trick ‘r Treat, 2007), e Krampus: O Terror do Natal (Krampus, 2015). Escrito pelo próprio em parceria com Zach Shields (do citado Krampus), Rei dos Monstros segue os heróicos esforços da agência cripto-zoológica Monarch, enquanto seus membros se deparam com a devastadora aparição de gigantescos monstros, incluindo o poderoso Godzilla, que por sua vez colide com outros monstros, entre eles Mothra, Rodan e sua nêmesis definitiva, o “dragão” de três cabeças King Ghidorah. Quando estas antigas super-espécies, que sempre foram consideradas como mitos, levantam-se novamente, elas entram em uma destruidora batalha pela supremacia, deixando a existência da humanidade por um fio.

Então, basicamente, Godzilla II: Rei dos Monstros simplesmente extrapola todos os níveis de destruição monstruosa imagináveis, apresentando o quádruplo de ação se comparado ao filme anterior. Godzilla II é o tipo de filme que a molecada da minha época chamaria de filme “ignorante”, não no sentido que você imagina, mas sim pelo fato de que a ação e a destruição é tamanha, que o espectador é bombardeado sem dó pelos massivos e caprichados efeitos visuais e sonoros. Enquanto que Gareth Edwards fez a ousada escolha de só realmente apresentar seu Godzilla no terço final do filme de 2014, Rei dos Monstros remedia a situação ao colocar o monstro e seus inimigos quebrando o pau praticamente o filme inteiro, não deixando pedra sobre pedra. Se você, assim como eu, vinha sentindo falta de filmes onde monstros do tamanho de arranha-céus saem na porrada a cada cinco minutos, então Godzilla II foi feito para você.

O ritmo do filme é insano, e a narrativa incorpora os melhores elementos da produção de 2014, os elevando à máxima potência. A produção é tecnicamente impecável. O time de efeitos-visuais e efeitos-sonoros transformam as cenas de batalha entre os monstros em algo deslumbrante e feroz. Esta cativante sequência americana captura o espírito dos originais japoneses envolvendo o lagartão, ao mesmo tempo em que estabelece o território para um novo universo monstruoso repleto de vibração, cores e luzes como nunca antes visto. Resumindo, a escala do filme é simplesmente épica. Se possível, veja na tela grande.

O excelente elenco do filme é outro ponto à favor da produção. Nomes do momento em Hollywood como a gracinha Millie Bobby Brown (da série Stranger Things), Vera Farmiga (franquia Invocação do Mal) e Sally Hawkins (de A Forma da Água, cuja crítica também está disponível aqui no Portal do Andreoli), dividem a tela com nomes experientes como Kyle Chandler (O Primeiro Homem, cuja crítica também está disponível aqui no Portal), Charles Dance (da série Game of Thrones) e Ken Watanabe (A Origem, O Último Samurai). Mas obviamente, por mais que os atores se esforcem, nenhum deles consegue se destacar acima de Godzilla e seus inimigos. Como comentei, a escala do filme é tão absurdamente gigantesca, que fica difícil para os personagens humanos terem um destaque maior.

Assim como o recente fenômeno Vingadores: Ultimato, Godzilla II: Rei dos Monstros me transportou de volta à minha infância durante duas horas e meia. Me senti como se estivesse revendo Jaspion, Spectreman, Ultraman e seus respectivos monstros gigantes com a mesma empolgação de quando tinha meus oito ou nove anos de idade. A questão é que aqui, foi como se minha criança interior tivesse engolido dois quilos de chocolate e tomado um tambor de energético. Que venha Godzilla Vs. Kong!

Godzilla II: Rei dos Monstros estreia nos cinemas brasileiros no dia 30 de Maio.

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