Crítica: Headshot (2017)

Como diz o ditado, não é o QUE se faz, mas sim o COMO se faz, que vale no final das contas. Este thriller de ação Headshot (Indonésia, 2017), carrega consigo praticamente todos os clichês do gênero ao qual pertence. Entretanto, a produção é concebida e conduzida com tanta competência visual e técnica, que fica difícil não classificar a produção como um novo ótimo exemplar da ação moderna.

Headshot marca o retorno de boa parte da nata do cinema de ação oriundo da Indonésia, que após o lançamento do excelente Operação Invasão (The Raid, 2011), e de sua primorosa sequência, a obra-prima Operação Invasão 2 (The Raid 2: Berandal, 2014), que inclusive foi o tema de minha palestra para o Conacine, o primeiro Congresso Nacional de Cinema Online, que aconteceu em 2014, entrou definitivamente no mapa das relevantes produções do gênero.

Escrito e dirigido por Timo Tjahjanto, roteirista e diretor do sólido thriller Assassinos (Killers, 2014), ao lado de seu co-diretor e parceiro roteirista Kimo Stamboel, e estrelado por um dos maiores (senão o maior) nome das artes-marciais do cinema atual, Iko Uwais (protagonista dos citados Operação Invasão 1 e 2), Headshot ressente-se apenas (não exatamente apenas, pois trata-se de uma grande ausência), do visionário realizador de ambos Operação Invasão, o diretor Gareth Evans, que no momento, trabalha em uma aguardada sequência para seus filmes citados, e também em outro thriller de ação, Apostle, com lançamento agendado para 2018. Juntos, Evans e Tjahjanto também escreveram e dirigiram o melhor segmento da antologia de horror V/H/S/2, batizado de “Safe Haven”, em 2013.

Neste Headshot, o fenomenal Iko Uwais interpreta um jovem cujo corpo aparece em uma praia da Indonésia, com um tiro na cabeça. Seu corpo é resgatado por um pescador, e pouco depois, o protagonista encontra-se em coma em um leito de hospital. Ao acordar, meses depois, completamente sem memória de quem é ou de seu passado, ele é ajudado pela jovem e altruísta Ailin (Chelsea Islan, de Street Society, 2014), uma estudante de enfermagem que apelida seu novo amigo de Ishmael, e pouco tempo depois, ambos estão quase que engatando um romance. Contudo, aos poucos Ishmael vai se lembrando de quem realmente é, e ao mesmo tempo, percebe que seu passado não o deixará em paz tão cedo.

Como é perceptível pela sinopse, Headshot não faz questão nenhuma de ser original, pelo menos no quesito narrativo. Porém, o real propósito do filme, é arrebentar nas sequências de ação da produção, repletas de muita arte-marcial, coreografias incríveis, e quantidades cavalares de violência explícita. Tudo feito na medida para o astro Iko Uwais deitar e rolar, demonstrando suas infinitas habilidades. A produção até trabalha bem o início de sua trama, mas em sua metade final, transforma-se em um verdadeiro fight fest, que ao mesmo tempo em que impressiona, também acaba cansando um pouco o espectador.

Além de Uwais, que apesar de ainda um pouco fraco no quesito dramático, sempre compensa no que se refere à ação, destacam-se também outros sensacionais artistas marciais indonésios, como por exemplo a bela Julie Estelle (a inesquecível “Hammer Girl” de Operação Invasão 2), e principalmente o ótimo Sunny Pang (de The Collector, 2012), que está absolutamente ótimo como o implacável chefão criminoso Lee. Inclusive, Pang rouba a cena em diversos momentos do filme. Entretanto, é mesmo Uwais o principal chamariz da produção. A sequência em que Ishmael enfrenta dois assassinos em uma delegacia recém-atacada, carrega cenas de ação inacreditáveis, além de um gigantesco e explícito nível de brutalidade, bem ao estilo indonésio de se fazer ação.

Resumindo, Headshot é diversão mais do que garantida para o fã do gênero, uma produção que demonstra mais uma vez o tino e a habilidade do cinema indonésio para se falar de ação de qualidade e pioneirismo técnico. Depois do espetacular John Wick: Um Novo Dia Para Matar, bem que Keanu Reeves e Iko Uwais poderiam se reunir mais uma vez em cena. Digo mais uma vez, porque ambos já atuaram juntos no fraco O Homem do Tai Chi, filme dirigido pelo próprio Reeves em 2013. Mas perto de John Wick ou de algum Operação Invasão, este filme nem conta.

Headshot não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar direto ao sistema de streaming ou home-video.

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