Crítica: Meu Amigo Enzo (The Art of Racing in the Rain) | 2019

Meu Amigo Enzo

O filme perfeito não existe. Porém, se você for um entusiasta de carros e de cachorros, então essa máxima talvez não tenha mais validade à partir de agora. Afinal, este Meu Amigo Enzo (The Art of Racing in the Rain, EUA, 2019), é justamente um filme sobre… Sim! Carros E cachorros! Brincadeiras à parte, Meu Amigo Enzo é um conto repleto de ternura, narrado pelo esperto e filosófico personagem-título, um Golden Retriever chamado Enzo, cuja voz no áudio original é de ninguém menos que Kevin Costner. É, de fato este talvez seja um filme perfeito no final das contas.

Baseado no best-seller homônimo escrito por Garth Stein, Meu Amigo Enzo traz o carismático Milo Ventimiglia (da série This is Us) e a beldade Amanda Seyfried (do thriller Anon, cuja crítica também está disponível aqui no Portal do Andreoli), como o belo e talentoso par de protagonistas (se é que podemos chamar o cachorro Enzo de coadjuvante), ao lado de um grande número de BMWs e Porsches de corrida, além de uma maravilhosa Ferrari clássica. Para se ter uma ideia, o ator/galã/piloto de corrida Patrick Dempsey (da série Grey’s Anatomy), atua como um dos produtores do filme.

A verdade é que a humanidade sempre teve uma admiração pelos carros de corrida e um amor incondicional pelos caninos peludos, mas até a chegada deste Meu Amigo Enzo, estas paixões sempre foram desfrutadas separadamente. A produção, portanto (assim como o livro na qual é baseada), acaba sendo uma maneira de consumir ambas as paixões juntas, o que consiste no filme perfeito (sim, olha a palavra aí de novo) para se desfrutar ao lado da família naquele fim de semana onde nada pode dar errado. Meu Amigo Enzo é o feel good movie da década. Porém, apesar de ser este feel good movie que eu mencionei, o filme é produzido pelo mesmo time de produtores e pelo mesmo estúdio do hit Marley & Eu, ou seja, prepare a caixa de lenços (preferivelmente de tamanho grande), porque garanto, lágrimas irão rolar.

Como mencionei lá em cima, a narrativa de Meu Amigo Enzo é contada através do ponto de vista do cão, cujo melhor amigo e dono é Denny Swift (Ventimiglia), um piloto aspirante de Fórmula Um, e o filme acompanha justamente a jornada de Denny através da vida, de seus amores (sua esposa Eve, interpretada por Seyfried, e sua filha, a pequena Zoe), e também da perda. Novamente, tudo sob o ponto de vista de seu cachorro. Através dos laços que criou com seu dono, Enzo adquiriu ao longo do tempo um tremendo insight sobre a condição humana e passou a entender que as técnicas necessárias nas pistas de corrida, também podem ser aplicadas na jornada de uma vida bem sucedida e plena.

O filme é dirigido de maneira convencional mas visualmente muito bonita e arrojada por Simon Curtis (Adeus, Christopher Robin, 2017), que transita muito bem entre as aceleradas sequências de corrida e as cenas de natureza mais delicada, que envolvem a dinâmica da relação entre Denny, Enzo e a família do aspirante piloto. O roteiro de Mark Bomback (de Legítimo Rei, cuja crítica também está disponível aqui no Portal), é fiel ao texto original e também carrega a natureza convencional que este tipo de história exige e precisa para funcionar. Numa história de tamanho apelo universal como a deste Meu Amigo Enzo, não é preciso muito esforço para fazer o filme funcionar, diga-se de passagem. Ainda que o filme tenha momentos bastante doces (carregados na glicose), e outros bonitinhos, há também um bom equilíbrio entre o humor (sempre motivado pelas espertas observações do cachorro) e o drama, que me emocionou em diversos momentos. Sim, a estrutura da trama e suas passagens são enormes clichês, mas isso não quer dizer que não possam comover genuinamente o espectador.

Para os fãs dos caninos como este que vos escreve, definitivamente é muito difícil assistir a histórias sobre a vida injustamente curta e sobre a mortalidade do melhor amigo do homem. Após assistir à este Meu Amigo Enzo, a primeira coisa que fiz foi dar um abraço bem apertado no meu parceirinho Rick, um maltês de três anos de idade. Mesmo que ele não pense com a voz do Kevin Costner e não seja tão sagaz com relação à natureza humana, é ele quem me anima muitas das vezes em que estou triste, era ele quem vigiava a barriga da minha esposa quando estava grávida, e é ele quem ajuda a proteger meu filhinho quando ele cai no chão da sala ou chora no berço no andar de cima. Mas o mais importante, é que assim como o Enzo do filme, meu cãozinho enxerga o mundo dele em mim. E eu não me atreveria a pedir à ele nada mais do que isso.

Meu Amigo Enzo estreia nos cinemas brasileiros no dia 08 de agosto.

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