Crítica: Ouro (Gold)

Já são vinte anos desde o lançamento do ótimo drama Tempo de Matar (A Time to Kill), filme dirigido por Joel Schumacher no ano de 1997. Logo, são vinte anos também desde o surgimento para o estrelato do sensacional Matthew McConaughey, protagonista da produção, e ator do qual me tornei fã logo após assistir ao filme de Schumacher. Desde então, foram muitos os filmes estrelados pelo ator, que enfrentou uma fase mediana na carreira no início dos anos 2000, mas que desde o ano de 2011, alcançou um excelente patamar profissional, tendo atuado em produções como os excelentes Interestelar (Christopher Nolan, 2014), O Lobo de Wall Street (Martin Scorsese, 2013), e Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club), também lançado em 2013, e que valeu ao intérprete o Oscar de Melhor Ator na cerimônia daquele ano.

Ator de imenso carisma e forte presença em cena, McConaughey também protagonizou a impecável primeira temporada da série de TV da HBO, True Detective, em 2015, e esteve também no recente Um Estado de Liberdade (Free State of Jones, 2016), cuja crítica você pode conferir aqui no Portal do Andreoli. Agora, o ator está de volta neste Ouro (Gold, EUA, 2017), produção dirigida por Stephen Gaghan (Syriana: A Indústria do Petróleo, 2005), e que, em minha opinião, não obteve a recepção que merecia por parte da crítica norte-americana, que não classificou bem a produção.

Ouro, inspirado em fatos reais acontecidos na década de oitenta, traz McConaughey no papel do especulador do ramo da mineração Kenny Wells, que está prestes a ir à falência e perder o negócio da família, que pertenceu à seu falecido pai. Desesperado por uma virada na maré de sua (pouca) sorte, Wells junta suas últimas economias e embarca em um voo para a Indonésia, acreditando que lá, em uma localização no meio das selvas do país, existe um bolsão de ouro ainda por ser descoberto. Wells então se junta ao mentor da teoria, o geólogo Michael Acosta (Edgar Ramírez, de Punhos de Aço), e ambos desafiam a tudo e a todos, arriscando suas próprias vidas e futuro, em busca da realização de seus sonhos.

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Escrito pela dupla Patrick Massett e John Zinman (do primeiro Lara Croft: Tomb Raider e de diversos episódios da série The Blacklist), o roteiro da produção acabou sendo comparado ao roteiro do citado O Lobo de Wall Street, o que trouxe um holofote negativo ao filme. A produção de fato guarda algumas semelhanças com o filme de Scorsese, mas no geral, trilha bem seu próprio caminho, e considero o filme um exemplar bem divertido e movimentado do gênero, que funciona como um bom termômetro de até onde pode chegar a ambição humana.

A narrativa da produção, apesar de um tanto convencional, é dinâmica e passa voando aos olhos do espectador. A direção de Gaghan é mais uma vez segura, e garante boas performances por parte de todo o elenco, que além dos citados McConaughey e Ramírez, conta ainda com a estonteante Bryce Dallas Howard (A Vila, A Dama na água, ambos do diretor M. Night Shyamalan), no papel da esposa do protagonista; Corey Stoll (o vilão de Homem-Formiga), e Toby Kebbell (de Planeta dos Macacos: O Confronto). Mas é mesmo McConaughey, acima do peso, com uma careca postiça, dentadura e uma barriga falsa, o grande motivo para se assistir ao filme, em uma interpretação que tinha tudo para cair na caricatura, mas que graças ao gigantesco talento deste ator, acaba rendendo mais uma das grandes interpretações do astro.

Movimentado, bem dirigido e interpretado, e munido de uma boa dose de humor e reviravoltas, Ouro é mais um sólido exemplar da carreira de seu sempre competente e carismático intérprete protagonista. Além de ser um interessante retrato dos limites, exageros e maquinações do mundo da especulação, que pode levar homens à fortunas e riquezas, e em seguida à ruína completa, em questão de horas. O nosso Eike Batista que o diga.

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Ouro estreia nos cinemas brasileiros no dia 22 de Junho.

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