Imagem: Divulgação/Instagram/@cocanasa
O refrigerante mais vendido do mundo sempre foi e continua sendo uma inspiração para o mercado e para alguns concorrentes que buscam por produtos de tamanho sucesso e impacto, e esse tem sido o motivo da constante dor de cabeça da Coca-Cola.
A Coca-Cola sempre gerou certa polêmica no que diz respeito à sua origem. A história sobre o remédio produzido pelo farmacêutico John Pemberton, no fim do século XIX, é até hoje um segredo que intriga a curiosidade de todos.
Por mais que tenhamos acesso à formulação básica que consta no rótulo do refrigerante, o produto ainda desperta alguns questionamentos em relação a isso, o que particularmente acho que talvez seja apenas uma estratégia de marketing para manter o produto atrativo e misterioso.
Mas por incrível que pareça, e por uma opção da própria marca, a fórmula da Coca-Cola nunca foi patenteada. Acredita-se que talvez a marca não tenha patenteado a formulação pelo fato de que a patente teria um prazo de apenas 20 anos, e após esse tempo, a invenção cairia nas mãos do domínio público.
Portanto, para proteger sua invenção, a Coca-Cola recorreu à um acordo chamado Trade Secret, que significa segredo de negócio. O Trade Secret é um segredo comercial relacionado à qualquer prática ou processo de uma empresa que geralmente não é conhecido nem exposto fora dela.
Essa informação considerada um segredo comercial, trata-se do sigilo absoluto do conhecimento técnico e tecnológico que uma empresa adquire internamente no processo da fabricação e de todas as atividades envolvidas no processo, concedendo a ela uma vantagem econômica e competitiva no mercado por tempo indeterminado.
Porém, independente de patente ou acordo comercial, a Coca-Cola se consagrou, é a líder até hoje e ninguém conseguiu copiar sua formulação exata, muito menos tomar o seu lugar. Nem mesmo a Pepsi, que chegou tão perto do sabor e que ocupa o segundo lugar em vendas, consegue chegar próximo a um equivalente do seu faturamento anual.
Mesmo assim, liderando o mercado, a marca se mantém alerta e se incomoda com possíveis concorrentes que aparecem com um nome parecido ou com produtos que possam ameaçar sua liderança, e a bola da vez, é a Coca Nasa.
A Coca Nasa é uma empresa colombiana que fabrica produtos à base da folha de coca. A empresa foi fundada por Fabíola Pinãcué, indígena do povo Nasa, ativista e empresária.
A Coca é uma planta nativa do Peru e da Bolívia, muito cultivada hoje na Colômbia também. Ela tem propriedades analgésicas e os povos andinos a usavam e ainda usam para amenizar a falta de oxigênio ocasionada pelas altitudes e também a fome, a sede e demais situações provocadas pelo clima local.
O problema é que ela também é a folha de onde se extrai a substância para produzir a cocaína, o que leva a planta para outro patamar, causando um estigma negativo, sendo que em qualquer outro país, inclusive no Brasil, plantar coca é crime e circular com as folhas ou consumi-las é proibido.
A própria Coca-Cola não utiliza a folha da coca, e sim o extrato de noz de cola, uma planta com propriedades semelhantes às da cafeína.
Por essas razões, um dos objetivos da Coca Nasa é justamente desfazer essa imagem negativa da planta, esclarecendo que coca não é cocaína, a folha de coca não tem efeitos psicotrópicos quando não é processada com outros elementos que a cocaína possui.
Para isso, a empresa já criou até um slogan em defesa da planta:
“Uma folha de coca pela paz é uma folha a menos para a guerra”.
A frase caracteriza a tentativa de uma campanha de marketing social, pois o combate às drogas é um problema social, e a marca visa criar e vender produtos do bem, tanto que já produz vários itens como chás, rum, vinho, azeite, até farinha e biscoitos, todos feitos com as folhas de coca, mas foi a cerveja de coca, chamada Coca Pola, que realmente incomodou a multinacional por usar um nome muito parecido com o do refrigerante.
Incomodada, a Coca-Cola recorreu aos seus representantes legais em Bogotá, e estes solicitaram que a Coca Nasa não usasse a palavra “coca” em seus produtos, alegando que isso era plágio e violava a lei de marcas registradas da Colômbia, se tratando de uma concorrência desleal. Mas a Coca Nasa se manteve firme, declarou que não vai abrir mão do direito de usar a palavra “coca” em seus produtos, e aguarda o julgamento com uma carta na manga, pois o Tribunal Constitucional da Colômbia concedeu proteção para o uso da palavra “coca” aos povos indígenas, que cultivam e consomem a folha de coca há gerações.
Enfim, a disputa continua, mas a Coca-Pola, apesar de algumas restrições está ganhando popularidade na Colômbia. Seus produtos são legalizados e já possuem uma loja física e própria em Bogotá, apresentando um crescimento considerável nas vendas.
O fato é que a Coca Nasa ainda é uma empresa pequena com menos de 20 funcionários, mas sem querer, o incômodo e a manifestação da Coca-Cola, acabou proporcionando uma divulgação indireta mas muito positiva da marca colombiana, pois despertou a curiosidade do público e consequentemente acabou promovendo seus produtos que até então muitos não conheciam, e com certeza, a disputa judicial entre as duas Cocas vai aguçar a curiosidade de um público ainda maior.
Ficarei na torcida para que o fim da história seja pacífico, e que o público possa continuar desfrutando do que as duas tem de melhor!
Por Kacau
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