Giordanna Galvan: Coluna Copacabana e suas histórias – Parte 3

Olá, queridos leitores!

Vamos continuar viajando no tempo e descobrindo mais sobre esse bairro que marcou época na história?

Como comentei na última coluna, depois da inauguração do Hotel Copacabana Palace houve uma explosão imobiliária.

O Bairro se encheu de glamour fazendo com que turistas de todos os lados viessem a Copacabana.

Artistas, celebridades, intelectuais, personalidades de todas as áreas tinham um imóvel no bairro.

Copacabana fez política durante décadas porque muitos nomes que fizeram a história do Brasil escolheram o bairro para morar, inclusive vários presidentes.

Um desses movimentos foi que seria o início do tenentismo, com a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922. Uma rebelião que tinha por finalidade derrubar o governo vigente e demonstrar a insatisfação com a maneira como ocorreu a eleição para presidente.

De início foram 300 soldados que se rebelaram dentro do Forte, que disparou balas de canhão contra vários locais da cidade, mas os outros fortes não se juntaram à rebelião e por isso, grande parte dos rebeldes se renderam no Forte de Copacabana, somente dezessete tenentes saíram com armas empunhadas, caminhando pela Avenida Atlântica buscando adesão de civis, um só civil se juntou a eles, por isso os 18 do Forte. Um ato quase suicida, pois enfrentaram mais de 2000 mil soldados. A revolta foi abafada, mas ficou marcada como o início do tenentismo que foi até 1935.

Os 18 do Forte – Créditos Wikipedia

Nas décadas seguintes ergueram-se os primeiros edifícios de apartamentos, símbolos de um bairro moderno e elegante. Era o local mais prestigiado da cidade.

O estilo art-déco surgia na cidade e foi imediatamente implantado em Copacabana, existindo até hoje.

Muitos jovens foram morar em Copacabana pela vida de mar, a noite agitada, prática de esportes, carnavais, e festas juninas. Por isso também, muitos músicos frequentavam o bairro com intensidade na década de 50.

Lançaram modismos na música, nos esportes e na maneira de ser. O uso da lambreta, do blue jeans, a frequência maciça aos cursos de línguas estrangeiras, muitas livrarias, cineclubes, concertos musicais, o rock’n roll, que chegou no Brasil por Copacabana, e foi local das primeiras “Jam Sessions”.

Copacabana foi precursora em diversas áreas, a música foi uma delas.

Você acha que a Bossa Nova nasceu em Ipanema? Tenho que te contar que não, a Bossa Nova começou em Copacabana.

Nara Leão, a grande artista que tinha um apartamento na Avenida Atlântica, recebia músicos e ali misturavam o samba-canção com o jazz, surgindo assim a Bossa Nova.

João Gilberto e Nara Leão – Créditos  letras.mus.br

A palavra bossa apareceu pela primeira vez na década de 1930, em Coisas Nossas, samba do popular cantor Noel Rosa: “O samba, a prontidão e outras bossas, são nossas coisas”.

Pouco a pouco, esse novo estilo musical foi ocupando bares do circuito de Copacabana, um deles é o Beco das Garrafas. Chamado assim devido à prática dos moradores de jogar garrafa nos boêmios que frequentavam os bares Ma GriffeBacaráLittle Club e Bottle’s, redutos dos músicos do movimento musical urbano. Entre as várias glórias do Bottle’s Bar, está a de ter recebido o primeiro show da vida de Elis, em 1963. O Beco das Garrafas e o Bottle´s Bar ainda estão abertos com alta qualidade de música até hoje.

Com a mudança da capital para Brasília, em 1960, a parte política perdeu força, mas Copacabana já tinha se tornado um dos lugares mais populares do Brasil continuando com suas novidades, como o Futevôlei.

O movimento era tão grande que foi feito um grande projeto urbanístico nos anos 70. No governo Negrão de Lima foi inaugurada a ampliação da praia e da Avenida Atlântica . Uma nova concepção urbanística deu à praia de Copacabana uma grande faixa de areia.

Alargamento da Praia de Copacabana e Avenida Atlântica  – Créditos: Rio Curioso

Foi realizado o primeiro aterramento hidráulico na orla de Copacabana, aumentando a faixa de areia para permitir o alargamento das pistas da Avenida Atlântica, foi necessário recompor a areia artificialmente a partir de dragagens desde a enseada de Botafogo. Hoje, a areia é recomposta anualmente através de uma plataforma continental interna.

Na época os frequentadores da Praia de Copacabana tinham que ficar atentos quando passavam perto da gigante tubulação que em qualquer momento projetava uma grande quantidade de areia sem aviso.

Imaginem: sair correndo para escapar de areia enquanto passeia na praia?!

Areia sendo despejada – Créditos: André Decourt

As calçadas da orla marítima continuaram com seus desenhos em forma de ondas. O canteiro central ganhou belos desenhos geométricos e várias árvores, trabalho do paisagista, artista plástico e mosaicista Roberto Burle Marx.

Avenida Atlântica e seus desenhos geométricos –  Créditos: Marcio Silveira

O urbanista foi chamado a refazer o calçamento de toda a extensão da Avenida Atlântica, e teve o bom gosto de manter o desenho original do calçadão de Copacabana, apenas acentuando as curvas numa forma ainda mais sensual do que o projeto de 1906, de Pereira Passos. O desenho foi trazido pelos calceteiros portugueses, mas não tinha então a volúpia curvilínea que podemos ver hoje.  A forma geométrica das ondas, imitando o mar, ficou marcada como símbolo do bairro, tornando-se um logotipo internacional.

O bairro se reinventou ganhando a sensação de amplitude, dando um maior fluxo de movimento para todos que passassem por ali e com a praia mais larga podia abrigar com mais estrutura seus frequentadores.

Mudanças ao longo do tempo – Créditos Guta e Rio Antigo

Com esse projeto Copacabana começou a ser palco de grandes eventos e ícone do turismo brasileiro, mas esse é um assunto para a próxima coluna.

Até quarta que vêm!

Giordanna Galvan

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem Capa: Forte de Copacabana créditos Marcio Silveira.

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