Bom dia meus amigos queridos,
E afinal de contas: “Qual é o segredo da Felicidade? ”
Era mais uma tarde de sábado em Lyon. Eu já devo ter falado dezenas de vezes sobre este assunto. Pouca gente sabe que eu trabalhei em Recursos Humanos, tive o privilégio de ser convidado pela minha queridíssima Ana Maria Giamarino, ex-diretora de Recursos Humanos da Avon, para fazer treinamento e projetos motivacionais em São Paulo quando tinha acabado de me graduar na Universidade São Judas.
Dito isto, eu sou apaixonado e aprendo muito com os workshops que eu organizo desde sempre. Aliás, nestes últimos anos trabalhando com o público, a grande diferença é o fato de ter uma audiência absolutamente multicultural. Uma audiência composta por indivíduos que carregam uma experiência diversificada, fala no mínimo dois ou três idiomas, e o background religioso é desconhecido. Eu nunca sei quem vai participar destes seminários. Eu posso falar a budistas, agnósticos, ateus, muçulmanos ou cristãos.
Pois bem, ao iniciar a palestra, todos estavam concordando com a minha primeira fala.
O dinheiro não traz a felicidade. O sucesso profissional não traz a felicidade tampouco. Eu começo observar os olhinhos de cada um quando o tema é casar, ter filhos, construir uma família, viajar pelo mundo inteiro.
Quem não quer experimentar tudo isto e mais um pouco?
No entanto, é fascinante perceber que independentemente da cultura, religião ou não-religião, eu percebo que parece ser um chão que todos nós pisamos e temos esta consciência em grau maior ou menor – não é o fato de ter filhos, casar, colocar o pé na estrada e viajar pelas “highways” do planeta que me fará feliz.
Até porque a tal busca pela felicidade não é encontrada quando cada um destes itens carrega os seus fins em si mesmos. Quem já andou por esta trilha sabe muito bem o que estou dizendo.
Mas afinal de contas, “Qual é o segredo da felicidade? ”
Eu sempre acho interessantíssimo mencionar sobre o profeta Isaías quando falo com estes grupos. Você pode imaginar um grupo tão heterogêneo ouvindo o conceito de um indivíduo que era considerado profeta e que viveu quase 600 anos antes de Cristo?
Você já ouviu falar do conceito que a cama é curta e o cobertor é estreito?
Pois bem, o profeta dizia: “Porque a cama será tão curta, que ninguém se poderá estender nela; e o cobertor, tão estreito, que ninguém se poderá cobrir com ele. ”
Você conhece alguém que diz, “Vou fazer 18 anos e encontrarei a felicidade”. Os 18 anos chegam, mas a felicidade ainda não foi alcançada. O mesmo individuo segue dizendo, “Vou terminar a universidade e ter uma carreira de sucesso, e depois disto, serei feliz”. Ele termina a universidade, encontra o trabalho dos sonhos, tem uma carreira de sucesso, mas ainda falta algo no processo. Ele se dá conta que ainda não é feliz.
Ele provavelmente seguirá dizendo: “Já sei! Vou me casar”. Nada. Ainda não está feliz.
“Já sei! Vou ter filhos. É o que me falta! ” Nada. Ainda não está feliz.
O processo segue e a busca da felicidade continua. “Vou me aposentar e vou viajar pelo mundo todo, descansar, e finalmente, encontrarei a felicidade”. Ele se dá conta mais uma vez, que ainda falta algo e que nenhuma destas atividades, nenhuma destas estações da vida, nenhuma destas pessoas, e tampouco filhos, puderam dar-lhe a felicidade tão procurada.
Eu poderia seguir com os pontos abordados no meu workshop. Mas, o que mais me chamou a atenção ontem não foi a reação e participação dos indivíduos de diferentes backgrounds e múltiplas nacionalidades. Você sabe por que?
O que mais me chamou a atenção foi ver as minhas filhinhas Sophia e Julia. Enquanto eu preparava o meu seminário e verificava o meu Power Point atenciosamente, me preocupava com o “lay out” do espaço, arrumava as cadeiras, corria de um lado para o outro, pesava comigo mesmo que não podia faltar nada, e estava preocupado com algum possível problema tecnológico, percebi que elas, a Sophia e a Julia, tinham construído uma cidade inteira no chão e estavam brincando com alguns blocos que tinham encontrando dentro de uma caixa de brinquedos.
Era uma cidade fantástica!
Tinha trem. Tinha carro.
Tinha alguns “bloquinhos” que viraram gente.
Elas conversavam entre elas e riam. Riam, e nem sabiam porque estavam rindo.
Não estavam preocupadas com o amanhã, nem tampouco o que aconteceria dentro de algumas horas. O momento da brincadeira era aquele, e bastava estar presente lá.
Que maravilha!
Antes de começar a minha palestra, parecia que toda a minha teoria, e as próximas duas horas de um assunto filosófico, psicológico, cultural que ganharia proporções espirituais para alguns estava sendo resumido e vivido bem diante dos meus olhos: na brincadeira simples, descontraída, despreocupada de duas crianças.
Afinal de contras, “Qual é o segredo da Felicidade? ”
Eu deixo você mesmo concluir tal resposta.
Um beijo grande a todos.
Até a próxima!
Collonges-au-Mont-d’Or
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