Fábio Muniz: Percepção versus Intenção: Você já foi mal interpretado?

Bom dia meus amigos queridos,

Você já foi mal interpretado? Você já passou por uma situação onde a tua intenção era a melhor possível, mas a percepção de quem te ouviu foi horrivelmente negativa?

Eu já passei por situações assim!

Eu tomo cuidado todos os dias para não ser mal interpretado sobretudo porque trabalhamos no meio de centenas de culturas e literalmente cada “cabeça uma sentença”.

Vou contar um exemplo engraçado para ilustrar o que escrevo na coluna de hoje.

A Johnna estava dentro do ônibus e buscava a estação do metrô na semana passada. Ela simplesmente perguntou para alguém dentro do ônibus onde se encontrava o metrô. Para a surpresa dela, alguém muito gentil lhe disse, “Está aqui senhora. Desça comigo”.  Ela desceu do ônibus, e se encontrou “de cara” com um loja que se chamava “Metro” e nada tinha que ver com a estação de metrô que ela buscava.

Esta é a loja Metro onde a Johnna acabou parando…

 

Este é um exemplo de estação de metrô em Lyon onde a Johnna deveria ter ido.

Parece simples. Mas não é.

A comunicação é algo seríssimo. As nossas palavras fazem parte da ponta do Iceberg.

De modo que há uma infinidade de camadas que não vemos e estão ocultas tais como linguagem corporal, linguagem cultural, valores familiares, religião entre outros costumes e fatores que compõe a comunicação de dois indivíduos.

Isto posto, a intenção pode ser a melhor, mas a percepção poderá ser um desastre.

A intenção pode ser a mais honesta, mas a percepção poderá passar que o indivíduo é extremamente arrogante e presunçoso.

A intenção pode ter motivos altruístas e sinceros, mas a percepção poderá passar que o indivíduo quer se aparecer, receber confetes e se tornar a “balinha mais gostosa do pacote”.

Eu acredito que a minha pior experiência tenha ocorrido há quase 20 anos em Barcelona. A partir deste dia eu nunca mais deixei de prestar atenção nas minhas interações com cada indivíduo independentemente da cultura ou geografia que ele esteja.

Veja Também  Um sequestro relâmpago: Eu apenas gostaria de me casar, e ser pai!

Eu ajudei uma jovem polonesa que apenas falava Inglês a vir morar no mesmo apartamento onde eu e o meu amigo peruano, Pedro, morávamos. Ela veio. Nos tornamos amigos. Ela não falava Espanhol. Eu me comunicava em Espanhol com o Pedro. Eu me comunicava em Inglês com ela.

De modo que…

Um belo dia eu fiz uma pergunta simples ao meu amigo “Donde está la polaca?”

Era uma pergunta simples. Toda hora, e todo dia, pessoas fazem esta pergunta para se referir a qualquer pessoa. Onde está o brasileiro? Onde está o inglês? Onde está o argentino? Onde está…

Ao ouvir a palavra “polaca”, a garota ficou furiosa. Eu não sabia porque.

O fato é que depois de alguns meses, eu tive que buscar outro lugar para morar, pois o nosso convívio havia se tornado insuportável. Ela nunca me perdoou.

Eu fiquei literalmente anos sem entender o que havia acontecido.

Onde errei? O que falei de mal? Porque a ofendi tanto? Porque a minha intenção tinha sido tão mal interpretada?

Pois bem, ao conhecer a minha esposa Johnna, ela me disse que no Inglês “pollack” se refere a alguém da Polônia, mas também tem uma conotação preconceituosa e vulgar no contexto da língua Inglesa. Eu não sabia. Não tinha a mínima idéia deste significado.

O fato é que eu falei em Espanhol ao meu amigo, “polaca”, ela entendeu em Inglês, “pollack”. A minha simples pergunta que carregava a simples e gentil intenção de chamá-la para jantarmos juntos, deflagrou-se em uma guerra interminável de incompreensões.

Eu sei que estou falando com você.

Eu sei que neste momento você está pensando em algumas destas experiências.

Eu deixo com vocês o belo poema do Khalil Gilbran que nos convida a praticar percepções e discernimentos.

Veja Também  As impressões digitais divinas na Natureza

Até a próxima!

A Beleza e a Feiúra – Khalil Gibran

Um dia, a Beleza e a Feiúra encontraram-se numa praia. E disseram uma à outra:

– Banhemo-nos no mar.

Então, tiraram as roupas e puseram-se a nadar nas águas.

Após algum tempo, a Feiúra voltou à praia, vestiu-se com os trajes da Beleza, e foi-se embora.

E a Beleza também voltou do mar, mas não encontrou suas roupas. Por vergonha de ficar nua, vestiu a roupa da Feiúra e seguiu seu caminho.

Desde esse dia, alguns homens e mulheres enganam-se, tomando uma pela outra.

Contudo, alguns tinham visto o rosto da Beleza e a reconhecem, apesar de suas vestes.

E alguns conhecem a face da Feiúra, mas as roupas da beleza não a ocultam aos seus olhos…

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem 01: Endeavor

Imegem 02 e 03: Arquivo pessoal do colunista

Imagem 04: Pensador

 

Loading

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens