Bom dia meus queridos amigos,
Eu acabo de assistir Johnny no Netflix. O filme é baseado na vida do padre Jan Kaczkowski. Jan viveu apenas 39 anos. Jan viveu para ajudar o próximo. Jan sabia transitar entre os poderosos e ricos da sociedade, mas sobretudo sabia olhar para o aflito e necessitado. Jan cuidava de gente que tinha os seus dias, semanas, ou no máximo, meses contados.
Ele encarava o sistema religioso, mesmo sendo um religioso. Ele conhecia o intestino político da instituição religiosa, mas sabia diferenciar fé genuína, da religião oca e vazia.
A vida tem os seus paradoxos e trilhas inexplicáveis. Jan também é visitado por um câncer. A sua vida termina aos 39 anos. No entanto, não o seu legado. O seu legado não terminou aos 39 anos. Certamente, o seu legado ainda será de profunda inspiração para gerações.
Um ex-criminoso é agraciado por uma amizade que mudaria o curso da sua existência. O jovem padre influenciaria a vida deste garoto de uma maneira extraordinária. O filme nos ensina uma simples e esmagadora realidade: ninguém pode substituir a vida que é minha. A vida é minha, e não tua. Ninguém pode te substituir. A vida é tua, e não minha!
Nenhum instante pode ser delegado a alguém que não seja eu mesmo. Nenhuma outra pessoa pode viver o momento que é meu. Nenhum outro indivíduo pode tomar o papel que eu tenho de ser filho, amigo, pai, irmão, esposa, avó ou mãe.
Tudo está aqui bem diante dos meus olhos. Eu preciso agarrar. Todavia, parece que somos incapazes de ver. Parece que nos tornamos impermeáveis e não sentimos nada. Nada nos toca. Nada nos faz ter lágrimas nos olhos. Nada nos faz brotar um sorriso de gratidão. O que acontece com o ser humano? O que acontece com você?
Nos esquecemos de um conceito básico na existência. Devemos aproveitar toda e qualquer situação ordinária de uma maneira extraordinária. A nossa jornada é formada por milhares de pontos unidos entre si, mas devo vivê-los um de cada vez, um dia por vez. Sem pressa, mas sem pausa.
Esta determinação tem a ver com viver no presente, neste momento exato, cheio de gratidão pelo dia que se chama hoje.
E por que tudo isto, Fábio?
A razão é simples. O nosso maior patrimônio não é o carro zero que está na garagem, nem mesmo a conta rechonchuda no banco. O nosso maior patrimônio não tem a ver com o status social, os restaurantes que posso entrar, o cartão de crédito internacional, ou o salário “nosso de cada dia”, mas tem a ver com o tempo disponível que tenho.
O tempo é meu. A escolha é minha também.
Eu posso investir em correr atrás do vento e amealhar tesouros que são efêmeros, passageiros, e se corroem com a traça e a ferrugem. No final do dia, no final do mês, no final da vida, eu posso me dar conta que corri em vão, e tudo se tornou uma grande cortina de fumaça.
E o que fazer? Talvez você me pergunta.
Eu e você podemos investir o maior patrimônio da nossa existência com gente. Gente que está bem pertinho de nós. Gente que está distante. Gente que se apresenta na nossa jornada com necessidades diversas.
O maior patrimônio que tenho pode ser investido no que é construído com tijolos de amor e bondade.
Comece hoje a tua catedral que não será jamais destruída.
Quanto tempo faz que você não fala com o teu pai? Quanto tempo faz que você não abraça a tua filha? Quanto tempo faz que você não janta com a tua esposa um jantar calmo sem discussões? Quanto tempo faz que você não ajuda alguém que está pedindo um prato de comida ou um cobertor?
Eu termino esta coluna com as palavras do jovem padre Jan Kaczkowski que dizia, “Em vez de esperar a vida toda por algo, comece a viver hoje. Já é bem mais tarde do que imagina. ”
Boa semana a todos vocês.
Até a próxima!
Collonges-au-Mont-d’Or
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Imagem 01 e 02: Foto divulgação filme Johnny – Netflix
Imagem 03: Querido Jeito