Letícia Bellusci: Anticoncepcional X Feminismo

A revolução sexual dos anos 60 está ligada ao advento da pílula anticoncepcional. Com o início de sua comercialização, as mulheres tiveram autonomia de escolher o momento de ter filhos, e o sexo passou a ser encarado não só para reprodução, mas também para o prazer do casal. Mas será que foi isso que aconteceu? Tivemos liberdade durante todos esses anos? O movimento feminista da época foi muito importante, e aprendemos muito com ele, mas hoje questiono a maneira como o anticoncepcional foi apresentado para nós durante todos esses anos.

Mas como assim? Você é contra o anticoncepcional? Lógico que não! Quero mostrar para vocês uma perspectiva diferente. Muitas mulheres usam anticoncepcional sem nem mesmo ter relação sexual, já atendi várias, e sem indicação médica clara, sem nem saber o que está acontecendo com seu corpo! Sabe aquele ovário policístico diagnosticado na adolescência? Nem sempre precisa de anticoncepcional para o resto da vida! E qual o grande problema de usar anticoncepcional sem indicação? Além do risco de trombose, já muito comentado, não podemos esquecer que ele diminui a libido e pode levar até a depressão em algumas pacientes. Deixamos de ser cíclicas com o seu uso, o que para muitas mulheres isso pouco interfere, mas para algumas pode trazer uma repercussão enorme em toda a sua vida. Por isso a importância de conhecer nosso corpo, e questionar as medicações que fazemos uso.

Tenho a impressão que toda uma geração de mulheres teve seu autoconhecimento “cancelado” pelo uso de anticoncepcional. A menina começa a menstruar e logo já começa a usar anticoncepcional para regular ciclo, passa um tempo, começa a namorar e já continua usando, passando anos desse modo. Enquanto os meninos não tem interferência nenhuma em sua libido, no seu humor, e são estimulados a namorar e a se conhecer. Precisamos questionar se esse é o modo correto da liberdade feminina, impor anticoncepcional sem ensinar educação sexual? Fazer cara feia quando mulher compra camisinha… tratar sexo como tabu… tantas coisas a serem mudadas, mas acredito que estimular o autoconhecimento, a informação e a educação sexual é um caminho para real liberdade sexual feminina.

Uma resposta

  1. Meu Deus!!!! Que coluna INCRÍVEL

    Maravilhoso esse ponto de vista.
    Realmente as mulheres PRECISAM se informar mais mesmo. Só assim poderem decidir corretamente e conscientemente.

    Parabéns Dra.

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