O que vai restar do Guarujá?

O bairro do Morumbi/SP já foi um dos mais desejados da capital paulista. As maiores e mais luxuosas mansões lá se estabeleceram num certo período; o metro quadrado era valorizadíssimo.

No entanto, nas duas últimas décadas caiu em decadência vertiginosa por causa da violência urbana fora de controle.

Os casarões têm sido abandonados e as placas de vende-se e aluga-se enfeitam boa parte das casas.

Dificilmente encontramos moradores passeando ou se exercitando em suas ruas arborizadas. Apartamentos com mais de 200 metros quadrados são oferecidos por cerca de R$ 400 mil reais, e mesmo com preco tão baixo, não são vendidos. Conheço dois proprietários que oferecem apartamento de alto padrão para alugar em troca de receber somente o valor do IPTU e a taxa condominial, mas nem assim conseguem interessados há anos.

A situação do Morumbi, pelos mesmos motivos, se repete na região central de São Paulo, especificamente e não somente, no quadrilátero da Cracolândia.

Muitas lojas fecharam as portas e moradores com recursos financeiros deixaram a região central com receio de assaltos e até morte. A desvalorização imobiliária é gigantesca; o medo passou a fazer parte da rotina de quem mora e trabalha em regiões tomadas pelo crime e usuários de drogas.

Infelizmente, a bela cidade do Guarujá, outrora refúgio de verão da elite paulistana, que lá ergueu centenas de mansões dentro e fora de condomínios, nos últimos anos vem sofrendo com constantes assaltos na orla, que têm provocado a debandada de turistas e moradores para opções mais seguras. Muita gente quer vender, poucos se aventuram a comprar imóvel de lazer ou para curtir aposentadoria nessa que foi uma das melhores cidades litorâneas de nosso Estado.

Trafegar pelo túnel de entrada da cidade tornou-se extremamente perigoso. Na internet é possível encontrar vários relatos de vítimas que lá foram assaltadas. Nos feriados, quando o trânsito pára nas rodovias de acesso à baixada santista, os arrastões são frequentes.

A consequência é danosa, muitas famílias deixaram de frequentar o Guarujá, que passou a ter menos movimento e, consequentemente, o faturamento do comércio diminuiu sensivelmente.

No final de julho/23, o policial da Rota, Patrick Bastos Reis, foi morto enquanto patrulhava no Guarujá e com isso a polícia de São Paulo desencadeou a operação escudo. No confronto que se seguiu com a bandidagem, vários marginais morreram e policiais foram baleados de forma aleatória, inclusive o delegado federal Thiago Selling da Cunha, de 40 anos, foi atingido na cabeça e ficou gravemente ferido.

A pergunta que não quer calar é a seguinte:

O que vai restar do Guarujá?

A bem da verdade, deve ser dito que a violência no Guarujá não é recente, é de bom tempo e só tem piorado. Boa parte do turismo de alto poder econômico se foi faz tempo, logo aos primeiros sinais de criminalidade e poluição das praias. Então, os preços de imóveis, já em declínio, trouxeram a classe média, ávida pela fama de paraiso praiano que esse outrora cartão postal ostentava. Mas mesmo a classe média, também acuada pela violência está dando adeus, isso para preservar suas famílias de criminosos que atacam em plena luz do dia.

Se alguma atitude eficaz não for tomada rapidamente para resgatar o Guarujá da criminalidade e recuperar sua imagem, podemos ter, em breve, um novo Morumbi, agora em nosso lindo litoral.

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem 01: Prefeitura Municipal do Guarujá

Imagem 02: Entre Mares

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