Certa ocasião, foi trazido à presença de um honorável homem sábio um jovem ladrão que havia sido apanhado no ato de roubar. Porém, devido a sua pouca idade, não desejavam puni-lo tão severamente quanto a lei requeria. O sábio deveria mostrar ao menino o caminho lúgubre e o trágico final de uma vida de roubos e, dessa maneira, fazê-lo desistir daquela prática abominável. Mas o sábio não disse uma palavra sequer a respeito de roubo.
Ele falou carinhosamente com o jovem e conquistou sua confiança. A única exigência que fez foi que o rapaz prometesse sempre dizer a verdade. Pensando que tinha, realmente, se safado com facilidade, o garoto, imediatamente, concordou e foi para casa sentindo-se muito aliviado.
Porém, durante a noite, pensamentos a respeito de roubos vieram a ele como nuvens que obscurecem a lua. Enquanto saía furtivamente por uma porta lateral da casa, entretanto, foi surpreendido por um pensamento:
“Que irei dizer caso alguém me pare na rua para perguntar que estou fazendo? Que direi amanhã? Se mantiver minha promessa de ser veraz, terei de confessar tudo e não poderei evitar o castigo que mereço”.
À medida que procurava ser veraz, apesar de todos os seus hábitos, tornava-se cada vez mais difícil para ele roubar. O desenvolvimento de sua veracidade criou espaço para sua honestidade e correção.
Amigo leitor, no direito penal brasileiro é apontado que a pena a ser cumprida por uma pessoa condenada deve funcionar como um processo regenerativo, para que seja estimulada a nunca mais pisar em uma cela.
No Japão é assim também, onde o cumprimento de pena é tão severo, que a quase totalidade dos presos, ao deixar a prisão, passa a não mais cometer crimes, com receio de voltar ao cárcere.
No Brasil, infelizmente, isso não acontece.
Presídios acabam funcionando como verdadeiras faculdades ou pós-graduação, propiciando que o detento melhore seu desempenho no mundo do crime ao ganhar a liberdade. Assim fica difícil…
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