Lilian Schiavo: Catadora de sonhos

sonhos

Tenho uma amiga que se define como catadora de sonhos e colecionadora de pôr- do-sol e tenho certeza que ao ler essa descrição você a imagine como uma sonhadora com a cabeça na lua.

Ledo engano, ela é uma das pessoas mais focadas e estrategistas que conheço. Suas ações demandam muito planejamento e coordenação de ações, ela é presidente de uma ONG focada em sustentabilidade.

Seu nome é Andree de Rieder Vieira e ela é bióloga, especialista em Gestão Ambiental, consultora em Planejamento Estratégico, educadora socioambiental, detentora de um currículo inacreditável, ganhadora de inúmeros prêmios e medalhas, tenho o grande privilégio de ser sua amiga.

Presidente do Instituto SuperEco que no ano que vem completará 25 anos, com 23 programas e projetos socioambientais, investe em educomunicação,  ecoempreendedorismo e transformação de  pessoas em agentes multiplicadores de conhecimento e práticas sustentáveis.

Estabelecemos uma parceria que envolve muito mais do que trabalho, envolve propósitos e irmandade.

Olho para ela e vejo uma transformadora de futuro, ela cuida do planeta, das águas, do mar, das pessoas e está sempre ensinando.

Incansavelmente abre nossa visão sobre o paradeiro do plástico; o destino dos canudos, garrafas e copos que inundam as praias, falamos sobre as tartarugas e os golfinhos que morrem vítimas de resíduos, então, inconformada com essa situação ela nos convida para um passeio de barco  para retirada de toneladas de lixo.

Ela gosta de pessoas e seu projeto visa os moradores das comunidades litorâneas. Ao observar as necessidades locais, criou uma rádio que educa e informa, transformando adolescentes tímidos com andar curvado em jornalistas orgulhosos para falar sobre ecologia, ecossistemas e explicar o meio ambiente em que vivem.

Ensinou crianças a plantarem hortas e levarem seus produtos para casa, assim as famílias adquirem novos hábitos alimentares, aprendem novas receitas e novos sabores, se tornam mais saudáveis.

Resgatou tradições culturais que estavam esquecidas e suas festas terminam com todos ao ritmo brasileiro do maracatu, confesso que até eu saí dançando quando participei do Festival Tecendo as Águas.

Converso com as mulheres que se tornaram ecoempreendedoras, elas relatam histórias de superação, algumas estavam doentes e com depressão profunda, mas hoje discursam sobre propagação de saberes, mostram orgulhosas os produtos artesanais que são produzidos por elas numa profusão criativa de geleias, pães, biscoitos, bordados, crochê, objetos de decoração feitos com folhas de árvores, bonecas, brinquedos, colares feito de papel reciclado e muito mais.

Agora a Andrée quer investir na alta costura,  inspirada no movimento atual de valorização de rendas, bordados, tricô e crochê ela pretende abrir oficinas de capacitação, um ateliê de produção sustentável para que as mulheres possam ser geradoras de renda e protagonistas da própria vida.

Começamos uma campanha para arrecadar recursos para a estruturação do ateliê de produção sustentável, e vejo minha amiga catadora de sonhos caminhando sem cessar até conseguir realizar seu intento, eu já me ofereci para caminhar com ela e quem sabe encontrar atalhos para nosso destino.

Esta semana foi comemorado o dia do voluntariado, falou-se muito em doar e já imagino você pensando que vou pedir uma contribuição para o projeto.

Admito que seria muito bem-vindo, mas a mensagem que quero passar hoje é que na verdade nós podemos doar muita coisa, podemos doar tempo que é nosso bem mais precioso, podemos doar dinheiro, bens e produtos… não importa, o fundamental é ser capaz de doar amor, gostar de gente, doar conhecimento, dividir sabedoria e saber abraçar com os braços bem abertos.

 

“O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.” Madre Teresa de Calcutá

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