Lilian Schiavo: Mulheres e dinheiro

Um dos temas mais recorrentes nos Fóruns de Mulheres é a questão da independência financeira e sua importância na liberdade feminina, afinal, uma pessoa que ganha seu próprio dinheiro se sente dona do próprio nariz.

Uma das causas principais que obrigam vítimas de violência doméstica a permanecer vivendo com seus algozes é justamente a dependência econômica, muitas delas dizem que não podem abandonar o lar e sair com os filhos para morar embaixo de uma ponte, sem ter o que comer.

Mulheres que ganham salários ou geram riquezas também podem ser vítimas de outro tipo de violência, a patrimonial, quando o agressor retém, subtrai, ou destrói os bens pessoais, documentos e dinheiro. São vítimas que apesar de aparentemente independentes não podem administrar seus próprios bens ou decidir suas vidas, vivem num tipo de prisão.

Já ouvi homens dizerem que tem medo de mulheres empoderadas porque elas não titubeiam, não se calam e quando estão infelizes encerram o relacionamento, mandam o dito cujo embora e trocam a fechadura da casa…

Como é a sua relação com o dinheiro? Já ouviu falar em crenças limitantes?

Outro dia uma coach financeira afirmou que mulheres que nasceram em berço de ouro tem um pensamento diferente das mulheres que cresceram ouvindo que o dinheiro é a raiz de todos os males, que dinheiro é sujo, que se alguém é rico deve ser porque nasceu herdeira, casou com um milionário ou roubou.

Tive a sorte de ser criada ouvindo que ser independente financeiramente é vital, que devemos ser capazes de decidir o que queremos fazer, sem dar satisfação de cada centavo gasto ou ganho.

Estudei numa escola de freiras onde só haviam meninas, aprendemos latim, francês e inglês, mas também tinha uma matéria, acho que era Prendas Domésticas, que me deixava traumatizada… no meio de bastidores e linhas as freiras ensinavam bordados e crochê. Confesso que não nasci com essa vocação e todas as vezes que elas olhavam para o meu trabalho balançavam a cabeça com desgosto, os pontos saíam diferentes, a linha estava muito solta ou muito apertada, o resultado era feio e catastrófico.

Voltava para casa desanimada, mas meus pais me consolavam dizendo que cada pessoa tem um talento peculiar e notoriamente o meu não era para trabalhos domésticos, mas que eu mantivesse minha concentração na matemática e nas ciências e estava tudo bem.

Nada contra quem foi educada para ser princesa, para casar e ficar no castelo, protegida e amparada. Respeito todas as opções de vida, cada uma é livre para viver do seu jeito.

Ultimamente ouço muito sobre Lifelong Learning, um conceito de aprendizado contínuo onde “nunca é cedo ou tarde demais para se aprender” e não estamos falando necessariamente de diplomas ou certificações, mas de uma real disposição em aprender coisas novas no dia a dia.

É buscar se capacitar, inovar, reaprender, é abrir a mente para novas ideias e conceitos, é recomeçar…

Conheci uma mulher que começou a empreender aos 55 anos de idade, até então, tinha trabalhado um tempo como professora de crianças e depois dedicou seu tempo integral à família, hoje ela viaja o mundo ensinando outras mulheres a abrirem seus próprios negócios.

Vivemos tempos difíceis, com muita carências e problemas, mas não podemos perder as esperanças, afinal, não somos aquelas que desistem, que jogam a toalha, ao invés disso, somos as que buscam soluções, as que inventam novas formas de viver, as imparáveis.

Uma mulher independente escolhe onde quer ir, com quem quer ficar, o que quer fazer, pode ser que ela pareça assustadora mas tenho certeza que é muito feliz.

“A questão não é quem vai me permitir, é quem vai impedir.” Ayn Rand

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem: Freepik

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