Na última coluna, começamos a conhecer os truques da Produção de Arte para o uso dos gadgets tecnológicos como smartphones, tablets e computadores nos programas de dramaturgia e de auditório.
Para uma chamada telefônica de celular feita por um ator em cena, por exemplo, vimos que existem três possiblidades:
a- fazer uma ligação real (arriscando interferências, má conexão, perda de sinal, entre outros obstáculos tecnológicos).
b- “baixar” no celular um vídeo em flash (.swf) que reproduz os números de telefone sendo discados e a chamada sendo feita.
c- utilizar a técnica da tela de croma, onde na Pós-Produção (edição) é inserido um vídeo da ligação sendo feita.
Assim como nas chamadas de celular, as duas últimas opções (b e c) são as mais utilizadas para simulações de ligações por “Skype”, “Facetime”, ou chamadas de vídeo.
A última (c) é a mais simples. O ator contracena com seu computador (ou celular) mostrando uma tela de croma (geralmente na cor verde). Sua concentração fica dedicada inteiramente à cena. A Pós-Produção de Efeitos Visuais cuida de todo o resto, podendo até aproveitar um vídeo em flash feito pela própria Produção de Arte.
Já, se o diretor preferir uma approach mais próximo à realidade, a Produção de Arte pode preparar o aparelho para rodar um vídeo em flash, durante a gravação da cena, simulando a conexão de vídeo. O ator inicia a animação apertando qualquer caractere do teclado, não tendo que se preocupar com comandos, mouses ou know-how tecnológico. Assim que a chamada de vídeo é aceita, a tela de croma é usada em substituição ao vídeo da conversa.
Parece complexo, não? Entenderemos melhor analisando o slide abaixo:
Vemos em destaque, as telas dos computadores de Morena (à esquerda) e da Delegada Heloisa (à direita) [segundo slide]. A delegada convida Morena para uma chamada de vídeo. O convite “salta” na tela de Morena. Ambas as telas foram produzidas em flash vídeo por um designer especialista, contratado pela Produção de Arte. Ao pressionar qualquer tecla do teclado, ou com um clique de mouse sem “alvo” específico, as atrizes acionam o vídeo da animação da chamada. Assim que o convite é aceito por Morena (também com um mero clique do mouse no botão ‘aceitar’), o verde do croma invade a tela, para que na edição, seja substituído pelo diálogo das atrizes, previamente gravado sob o ponto de vista da câmera do computador de ambas.
São infinitas as possibilidades que as animações em flash proporcionam. Observem:
Na mesma sequência de “Salve Jorge”, onde as duas personagens principais se comunicam pela internet, a animação em flash foi usada para criar e dar vida à página da rede social da delegada (slide 04). O histórico da troca de mensagens entre as duas protagonistas aparece na tela da esquerda, enquanto a janela de nova mensagem aparece destacada à direita. Tudo é acionado por um clique. Fica a critério da Direção e da Produção de Arte decidir se o ator digitará o texto da mensagem em cena, ou se este também, automaticamente, será escrito pela animação. Ambas as alternativas são possíveis. Reparem que toda a identidade visual e marcas são fictícias para não entrarem em conflito com as existentes na vida real. O layout familiar aproxima o telespectador da fantasia criada pelo designer.
Com uma programação visual ainda mais próxima do nosso conhecido Facebook atual, com foto de capa, foto de perfil, anúncios e feed de notícias, foi feita a página da personagem Ciça Guerra, interpretada por Júlia Konrad em “Malhação, Seu Lugar no Mundo”, em 2015. A banda da qual Ciça era vocalista, “Os Desatinados”, ilustrava sua cover photo. Pela animação em flash, a atriz podia rolar a tela para baixo ou para cima e clicar em alguma foto para ser ampliada.
A ação da animação varia de acordo com a demanda da cena em questão.
Pode ser usada para a redação de um texto de e-mail (slide 06 abaixo), ou mesmo para a simulação da extração de arquivos de um pen drive (slide 07 abaixo).
Telas de sites de busca fictícios também são recorrentes em programas de dramaturgia. O célebre Google é substituído por marcas genéricas em layouts análogos. O campo da busca pode ser preenchido em cena pelo próprio ator, já que são somente algumas poucas palavras a serem digitadas. Ao clique do “buscar”, automaticamente se abre uma outra janela, com os resultados. Não importa em qual deles o ator clicará. Prontamente, a página-objetivo da cena (marcação de cena) será aberta. Veja abaixo:
Acho que já temos informação suficiente por hoje, não acham? Aguardem o próximo artigo.