Flávia Raucci: Cavalo sente dor de dente?

cavalo

“Quem foi que disse que cavalo dado não se olha os dentes”?

Assim como nós, os cavalos também sentem dor de dente.

Eles podem ter cáries, dentes posicionados no lugar errado, desgastes exagerados, pontas extras e até dentes extras.

E quando isso ocorre, não conseguem mastigar adequadamente, por isso comem menos e consequentemente perdem massa corporal, o brilho do pelo e o brilho do olhar. Por culpa da dor, podem se tornar agressivos ou apáticos e perdem completamente o rendimento.

Cuidar dos dentes dos animais e detectar o problema a ser tratado é fundamental para o seu bem estar diário.

Como prevenção, os dentes e o hálito dos cavalos devem ser observados e checados regularmente.

Nós também podemos colaborar, evitando os petiscos com açúcar e tomando os devidos cuidados para que os freios não batam e agridam os seus dentes.

Devemos ficar atentos e observar se durante a mastigação o animal apresenta salivação excessiva, sangue na saliva e se grãos inteiros caem de sua boca ou aparecem de forma nítida em suas fezes. São sinais de que existem ínguas ou pontas extras em seus dentes, machucando a parte interna da sua boca, prejudicando a sua mastigação e a sua digestão.

Essas dificuldades devem ser devidamente tratadas e solucionadas, pois causam inúmeros prejuízos à saúde do animal. Em casos mais avançados, a má digestão pode causar cólicas e levar o animal até a morrer.

Vou tentar explicar de uma forma bem simples: além da dor de dente, existem outras causas que podem estar dificultando a mastigação de determinados cavalos. E uma dessas causas é muito curiosa.

Você sabia que os dentes dos cavalos não param de crescer? Essa particularidade na dentição dos equinos chama-se “erupção contínua”.

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E como a natureza é muito sábia, na época em que os cavalos ainda não eram domesticados e se alimentavam em diversas pastagens, os seus dentes sofriam um desgaste mais agressivo durante a mastigação, mas que o crescimento contínuo dos dentes compensava naturalmente.

Só que nós modificamos completamente os hábitos e os padrões alimentares dos equinos através da domesticação e do confinamento. A ração, o feno, o milho, a aveia e a pastagem cultivada passaram a não causar um desgaste tão agressivo aos seus dentes porque o animal passou a fazer com menos frequência o movimento de selecionar, colher e até mesmo arrancar o capim do solo. E como os seus dentes crescem 3 mm ao ano, essas pontas em excesso, uma vez que não sofrem o mesmo grau de desgaste, acabam machucando e formando feridas em suas bochechas e em sua língua.

É fundamental que, periodicamente, os animais sejam acompanhados por um odontoveterinário que realizará o desgaste e o nivelamento desses dentes, eliminando essas pontas extras que prejudicam a sua mastigação. Esse profissional, além de diagnosticar e tratar da saúde da boca do seu animal, irá também prevenir futuras doenças. A odontologia equina é uma especialidade relativamente nova dentro da Medicina Veterinária e já se tornou essencial na rotina da maioria dos Haras.

Os proprietários e treinadores estão cada vez mais valorizando os exames e os tratamentos dentários de seus animais porque já constataram que a saúde bucal tem tudo a ver com a saúde completa do cavalo. Esse animal passa em média 18 horas por dia se alimentando e com dentes saudáveis ele consegue triturar melhor os alimentos e aproveitar todos os seus nutrientes durante o processo de digestão, o que influencia diretamente em toda a sua fisiologia, melhorando, inclusive, o seu desenvolvimento e desempenho.

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Então está na hora de mudarmos um velho e equivocado ditado:

“Cavalo dado se olha os dentes” sim!

Até a semana que vem com mais cavalos em nossas vidas!

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