Flávia Raucci: Raças brasileiras

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“Os cavalos fascinam as pessoas, independente da raça e do porte”.

Belos e imponentes, os equinos são admirados nos mais diversos países, o que os torna uma unanimidade dentre os animais domesticados.

Com o aprimoramento das características de certas raças de cavalo, algumas ganharam destaque no Brasil. Vamos conferir?

Mangalarga

Mangalarga, Mangalarga Paulista, Mangalarga Marchador, Mangalarga Mineiro – São os tantos nomes que surgiram para designar e diferenciar as duas vertentes do Cavalo Mangalarga, surgido no Sul de Minas, na região de Cruzília e Baependi.

Para melhor entender essa história, vamos voltar a época que surgiram os primeiros cavalos marchadores selecionados pela figura do Barão de Alfenas (Mangalarga e Alter Real).

No século dezessete o Sul de Minas foi povoado por mineradores atraídos pela notícia da ocorrência de ouro nos rios que cortavam aquelas terras.

Em torno do minério, a agropecuária, principalmente leiteira, e a criação de equinos para a lida com o gado tornaram-se importantes negócios para as principais famílias que ali se instalaram. Mais precisamente na região de Baependi, Aiuruoca e São Tomé das Letras.

A seleção dos cavalos que deram origem ao Mangalarga visava um animal de porte médio, forte, rústico e confortável.

A comodidade da marcha se tornou a principal característica a ser perseguida. Daí surgiram as marchas picada e batida. A picada era muito valorizada nas áreas de mineração onde o foco era a comodidade nos deslocamentos. E a batida predominava nas áreas de atividade agropecuária que buscava aliar o conforto do deslocamento com a lida do gado.

Uma atividade de lazer bem apreciada na época tinha no cavalo um dos personagens principais – a caça de veado – a coragem e rusticidade do Mangalarga foram forjadas nessa prática ancestral.

A topografia acidentada do Sul de Minas e a funcionalidade atuaram como selecionadores naturais para apurar as qualidades da raça.

Já no século dezenove, tomaram parte no processo de seleção da raça e surgimento de diversas linhagens os descendentes de João Francisco Junqueira que se estabeleceram em fazendas que se tornaram referências históricas na formação da raça nacional – Campo Alegre, Favacho, Traituba, Campo Lindo, Narciso e Angahy.

Ainda no século dezenove, parte da família Junqueira, em busca de ampliar as terras para exploração agropecuária, resolveu explorar os sertões do Rio Pardo, na região Alto Mogiana, atual município de Orlândia, e ali fundar diversas fazendas.

Cavalos da raça Mangalarga do Sul de Minas originários das diversas fazendas da família foram levados para São Paulo para preencher as necessidades da exploração desse novo território.

Fazendeiros paulistas admirados com a qualidade dos cavalos trazidos de Minas, tornaram-se grandes compradores desses animais, contribuindo para aumentar a popularidade da raça.

Os cavalos levados para São Paulo tiveram que se adaptar a uma topografia mais plana, dos campos cerrados, tanto nos trabalhos das fazendas como também no esporte, a caça de veado.

Os criadores paulistas, devido as necessidades, desenvolveram animais maiores, com capacidade de arranque e maior velocidade para se deslocarem durante as caçadas. O galope passou a ser valorizado durante esse processo.

Para alcançar essas novas “qualidades”, os criadores foram buscar em outras raças essas características para imprimi-las no Mangalarga durante esse processo de “aprimoramento”. Puro Sangue Inglês, Árabe e Anglo-Árabe foram utilizados para esses fins.

Após décadas de aprimoramento, a sua marcha é considerada uma das mais macias e equilibradas e por esse motivo, o cavalo da raça mangalarga é considerado um dos melhores cavalos de sela brasileiro.

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Campolina

O responsável por aperfeiçoar a raça de cavalos Campolina foi Cassiano Antônio da Silva Campolina, que deu origem ao nome da raça.

Sua origem vem do cruzamento entre uma égua preta nacional com um reprodutor Andaluz trazido ao Brasil por D. Pedro II.

A raça foi desenvolvida até que alcançasse grande porte para servir de montaria da milícia real e ajudar na tração de tróleis no Rio de Janeiro.

Ao todo, foram 70 anos de seleção da raça até que, em 1951, finalmente foi fundada a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina.

Esta fez uma criteriosa revisão nos padrões estabelecidos inicialmente.

De 50 anos até os dias atuais, a Campolina não sofreu mais nenhuma alteração genética e é conhecida em todo território nacional por sua leveza na marcha e versatilidade.

Crioulo

Originário do Sul do país, a raça de cavalo Crioulo foi trazida ao Brasil pelos espanhóis no século XVI.

Após 400 anos de seleção natural, a raça desenvolveu ótimas características, como agilidade, rusticidade e força.

Capaz de sobreviver às intempéries climáticas e de resistir bem à falta de alimento, o Crioulo ganhou fama nacional.

Descendente dos cavalos dos índios tehuelches, o cavalo Crioulo possui registro fechado – produtos de filhos de pai e mãe já registrados, e é a terceira raça no Brasil dentre os equinos puros de pedigree.

Baixadeiro

O cavalo Baixadeiro é uma espécie de pônei rústico brasileiro, mais especificamente nativo da baixada maranhense. Sua origem data do Brasil colonial, quando os primeiros cavalos foram importados da península Ibérica, sendo muito provavelmente resultado do cruzamento entre cavalos da raça Garrano e Berbere, uma miscigenação dessas raças mais antigas e que se preservou na planície do Maranhão ao longo dos anos. Sua genética denota um conjunto de características únicas, e como está raça tem baixo nível de indivíduos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) incluiu-o em seu programa de conservação.

Brasileiro de hipismo

O Brasileiro de hipismo é uma raça de cavalos formada no Brasil a partir de algumas das mais importantes linhagens europeias de cavalos de salto e adestramento, tais como Hanoveriana, Holsteiner, Oldenburger, Trakehner, Westfalen e Sela Francês, através de cruzamento entre si ou com exemplares de Puro Sangue Inglês da América do Sul. Cavalo leve, ágil e de grande porte, com altura superior a 1,65m, perímetro torácico de 1,90m e perímetro de canela de 21 cm. Cabeça média de perfil reto ou subconvexo, pescoço médio bem destacado do peito e espáduas, cernelha destacada, dorso bem ligado ao lombo e a garupa, membros fortes e andamentos briosos, relativamente elevados e extensos. Possuem excelente mecânica de salto, coragem, inteligência e elegância nos movimentos. São admitidas todas as pelagens. Suas características o tornam apto para quaisquer modalidades de salto, adestramento ou concurso completo de equitação. É um cavalo de trote não muito cômodo. Porém bem ágil e esperto, muito dócil e fácil de lidar.

Cavalo comum brasileiro

O cavalo comum brasileiro é uma raça de cavalos brasileira, descendente da raça Berbere. Possui corpo longilíneo e esbelto, cabeça comprida, orelhas relativamente grandes, focinho fino e peito estreito. Podem ser de várias cores, como o preto, baio, castanho e alazão, sendo os mais comuns rosilho e tordilho. Sua maior incidência é na região nordeste e nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

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Pônei brasileiro

O pônei brasileiro é um cavalo destinado à iniciação de crianças na equitação podendo ser usado também em tração leve. É um equino eumétrico, ágil, de bom temperamento para o serviço, dócil, com proporções equilibradas entre a altura da cernelha e o comprimento do corpo. Frente altiva e leve, bem aprumado e com angulações de membros que favorecem uma boa liberdade de movimentos ao passo, ao trote e ao galope.

Pantaneiro

Em julho de 1988 foi fundado o núcleo de criação do cavalo Pantaneiro na fazenda Nhumirim, com 31 animais (garanhões, éguas e potras), depois por contrato de comodato com a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros (ABCCP), esse número foi aumentando, para a obtenção de representatividade e maior variação genética. O núcleo teve por objetivo a conservação da raça, conjuntamente com pesquisas em reprodução, nutrição, genética, seleção zootécnica, melhoramento, parasiltologia, virologia, etc. Para todo o Pantanal foi realizado a caracterização genética e fenotípica das populações existentes e identificação dos sistemas de criação. Realizada a identificação da origem do Cavalo Pantaneiro. Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.

Campeiro

O cavalo campeiro tem origem nas expedições espanholas, que por volta do século XVI passaram por terras Catarinenses e seguiram até Assunção no Paraguai, deixando alguns animais para utilização no serviço de abastecimento dos navios no porto em Santa Catarina. A origem do Cavalo Campeiro é atribuída à expedição do espanhol Alvar Nuñes (“Cabeça de Vaca”), que em março de 1541 seguiu por terra, a partir do litoral de Santa Catarina até Assunção, Paraguai. Porém, é muito provável que houve, também, extravios de animais por outras expedições espanholas com a mesma rota, pois a ilha de Santa Catarina (Florianópolis) era o primeiro posto avançado da Espanha na América do Sul. As primeiras notícias oficiais da presença de cavalos no planalto, hoje catarinense, se deram quando da abertura do Caminho dos Conventos no ano de 1728 por Francisco de Souza e Farias, que partindo de Araranguá/SC transpôs as matas da Serra Geral e já no planalto deparou com um grande número de cavalgaduras e vacas. Três anos depois, Cristovão Pereira de Abreu também registrou a presença de animais, quando de viagem pelo mesmo caminho, onde agregou centenas deles à sua tropa original.

Quase 200 anos após a expedição de Alvar Nuñes é que foi noticiada oficialmente a existência de cavalos selvagens naquela região, que povoavam, além do planalto catarinense, o planalto do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná, ou seja, a região dos pinheirais do Brasil. Daí a denominação “Marchador das Araucárias” para esta espécie, que foi moldada pela natureza e pela procriação livre (aos ventos), formando ao longo deste tempo um padrão fenotípico homogêneo.

Foi em Curitibanos, que com o tempo foram sendo selecionados os melhores cavalos marchadores e a tradição da criação desses equinos foi passada por gerações.

Fica aqui mais uma dica importante, antes de se decidir por uma raça:

Pesquise muito sobre suas características, temperamento e versatilidade.

Até a semana que vem, com mais cavalos em nossas vidas!!

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