Lilian Schiavo: Por que fazer negócios com mulheres?

Nestas minhas andanças pelo mundo corporativo e pelo terceiro setor acabo conhecendo muitas pessoas e isso me faz muito feliz.

Sou uma apaixonada por gente! Desde pequena sou capaz de passar horas conversando com alguém, ouvindo as histórias de vida  e aprendendo com elas.

Faço muitas reuniões e observei como as reuniões entre mulheres são diferentes.

Começo abrindo minha agenda, tenho uma reunião com um presidente de uma empresa que, por e-mail, determinou que teríamos 1 hora para definir como seria nossa participação num evento.  Visto meu “uniforme” social composto por calça e camisa social com um blazer, poucos acessórios, pois brincos enormes e pulseiras barulhentas tiram meu foco, calço uma confortável sapatilha baixa. Na verdade, acho que é a versão feminina do terno e gravata, nada chamativo. Começamos com a clássica troca de cartões, discorremos sobre o assunto e pontualmente encerramos nossa reunião com um aperto de mão e tudo resolvido.

Alguma de vocês já perguntou para o marido, filho ou amigo como você estava vestida em determinada ocasião? Provavelmente eles não lembram e a menos que trabalhem com moda não saberão responder estes detalhes. O mesmo acontece com o cabelo, você passa horas no cabeleireiro, chega em casa toda feliz e eles não percebem que você cortou ou tingiu, salvo se pintar de verde…

Conheci uma economista extremamente inteligente, com MBA, MBE, poliglota, que morou fora do país e tem uma carreira de sucesso ocupando cargos C- Level ou CEO – Chief Executive Officer,  ela fala permeando termos técnicos em inglês, tem uma postura de vencedora e olhos desafiadores. Para falar a verdade, é necessário uma boa dose de coragem para convidá-la para uma reunião.

Mas como não tenho medo de desafios, lá fui eu falar sobre um projeto de empreendedorismo social com ela. Marcamos um café num local alternativo e, para combinar com o local, vesti minha calça jeans. E adivinha? A primeira coisa que ela fez foi comentar que amou me ver vestida de forma descontraída.

Até agora nossa convivência se resumia a reuniões formais num grupo de trabalho portanto aproveitamos a chance para falar sobre vários assuntos.

Começamos falando sobre metas, objetivos, propósito… ela apresentou produtos sustentáveis e inovadores, explanou sobre seu trabalho com fusões e aquisições de empresas, business plan, modelos de redução de custos, reposicionamento estratégico e de mercado, algoritmos e inteligência artificial.

E, num passe de mágica, estávamos contando nossas vidas, expondo nossas dores, falamos dos vários tombos que levamos, da nossa capacidade de renascer como fênix, da coragem de se reinventar todos os dias.

A reunião durou horas que passaram velozes, ficamos amigas! Falamos de filmes, lendas, horóscopo, planetas que foram descobertos recentemente, contamos histórias das nossas famílias, falamos de sonhos e esperanças, tudo junto e misturado.

Terminamos com um abraço e a certeza que faremos grandes negócios. Sem dúvida, nascemos para o sucesso!

No meu trabalho é comum formar uma equipe de mulheres, mas antes de começarmos precisamos de muita conversa, aprender a confiar uma na outra, estabelecer laços de amizade e confiança, afinal, dividiremos nosso tempo juntas e precisamos saber com quem estamos trabalhando.

Perguntamos se somos casadas, solteiras, se temos filhos, pets, onde moramos, estudamos, se gostamos de alho ou cebola, se somos veganas ou carnívoras, alérgicas a perfume, enfim, tudo isso é muito importante para nossa convivência.

Dividimos segredos, ficamos indignadas se uma de nós é ofendida, compramos a briga e partimos para a luta juntas.

Se acontece algum fato triste, choramos, nos consolamos, inventamos alguma coisa para levantar a moral, quem sabe podemos organizar um jantar, almoço ou picnic, uma happy hour?

Se você tinha algum receio de fazer negócios com mulheres saiba que está perdendo uma grande oportunidade de conhecer empreendedoras que como você batalharam muito para chegar até aqui. Se você perguntar, ela vai abrir um sorriso e contar a sua história. Quem sabe você ganha uma amiga ou aprende algo novo?

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