Na manhã do Dia dos Namorados, as amigas solteiras estavam lamentando e/ou comemorando, as casadas, comemorando e/ou lamentando, e eu… não sei até agora resumir. Chorando? Sim! Rindo? Também!
Acordamos cedo em casa, mas era a vez do meu marido levar nossa filha à escola. Beijinho e eu voltei a dormir. Acordei segundos depois ouvindo uma confusão e levantei com meu marido à beira da cama segurando “nosso brinquedinho” na mão.
– Ela (nossa filha, de 12 anos) pegou isso (ele segurou chacoalhando no alto) e estava lá no quarto dela!, ele disse.
Eu olhei, esfreguei os olhos, não consegui pensar muito e ri por dentro. Quis soltar um “mamãe também brinca”. kkkkk… Fiquei muda por alguns segundos e tudo bem! Ainda bem que não era nada escondido do meu marido – ao contrário, ele conhece o dito cujo de, digamos, outros carnavais.
O tempo fechou em casa! Ele falando pra ela sobre pegar as coisas das pessoas e não devolver, pegar as coisas das pessoas e não pedir. Até falou sobre pegar coisas íntimas das pessoas como se alguém pegasse o diário dela e o lesse. Mas não sei exatamente o que ela entendeu, seja do que ele falou ou do que ela achou, pegou e não devolveu.
Eles saíram e fui mandar uns emails, fazer uns telefonemas, ri alto algumas vezes e não toquei no objeto.
Algumas horas depois, fui buscá-la na escola. No caminho, pensei no que diria, em coisas do tipo: tenho que enfatizar que não se pode mexer no que não é nosso, tenho que explicar o que era aquilo, tenho que proibi-la por algum tempo de pegar roupas e sapatos no meu guarda-roupa como castigo… e tenho que esconder melhor as coisas a partir de agora, p***a!
Parei o carro na frente da escola e ela entrou. Dirigi um pouco, comecei a falar – e a chorar! Não conseguia parar de chorar. Minha voz sumiu, não conseguia pensar! Me veio um misto de vergonha, um lamento misturado com receio de ter perdido minha intimidade e de um certo orgulho com medo de ela ter se tornado uma mocinha de fato, do tipo curiosa e destemida, que encontra algo assim e pega.
Já havíamos conversado sobre masturbação, mas, desta vez foi diferente porque o foco não era apenas ela e suas experiências: eu também havia sido “descoberta”. Me julguem, ou me ajudem, mas não consegui formular muita coisa nesses dois dias. Conversei tudo que consegui, mas, definitivamente, não estava preparada para isso. E quem está?
No fim, pode ser que o mix de emoções tenha explodido por eu ter achado que seria mais fácil pra mim falar sobre sexo e prazer com a minha filha do que foi pra minha mãe na minha adolescência. Fail!
Cheguei até a trocar umas mensagens no zap com uma amiga (abaixo) e foi hilário. Pensei que poderia ter sido bem pior e a minha filha ter pego e levado o objeto para a escola, confundindo o tal com um “brinquedo de criança”.