Trabalhar sem ser explorado é possível?

Uma amiga lançou a pergunta em sua página no Facebook: é possível trabalhar sem ser explorado? A resposta que se quer não vem dos comentários – e não deverá vir de nenhum outro lugar a não ser da gente mesmo.

Isso me fez pensar: sempre trabalhei muito, com amor, dedicação e horas de trabalho extra sem pagamento extra pra compensar. Às vezes, até mais do que as pessoas mais próximas de mim gostariam.
Depois de tantos anos, só consegui ter o meu ritmo de vida agora. E olha que nem sabia qual era ele. Hoje, sei o que é ter final de semana, tempo para fazer uma consulta e não parar com os pedidos de exames vencidos sobre o criado-mudo. E o que sei é que não abro mais mão disso… pra nada!
Dinheiro nenhum paga a chance de almoçar direito, caminhar o tempo que achar necessário na esteira e cuidar da gente e das pessoas que a gente gosta – e isso tudo sem deixar de trabalhar, claro! Claro que dá para trabalhar sem ser explorado; basta nos perguntar se estamos sendo explorados e encontrar outro caminho se a resposta for “sim”. E que fique claro que a exploração não se mede só em horas… já trabalhei 12 horas sem ser explorada. O que importa é avaliar se está justo pras duas partes e ter coragem para mudar. Sabe aquela frase “Você não consegue resultados diferentes se continua fazendo tudo igual”? Pois é, começa por aí.
Após 16 anos, é a primeira vez que pago um plano de saúde integral e posso usá-lo também de forma integral.
A única pessoa que parece não querer que eu me priorize tanto assim é o meu médico, que nunca tem horário. Vai ver ele também está na mesma fase que eu, dando mais valor ao que realmente importa e trabalhando o tanto que julga necessário. Na verdade, não deve ser nada disso: médicos trabalham pra caramba, todos os dias, em vários lugares. Sei porque conheço muitos e essa é uma das profissões mais exploradas neste país. Vejo muita semelhança entre médicos e jornalistas, apaixonados cegamente por seus plantões e suas ambições de mudar o mundo. (Carinha de emoji pensativo)
Bom, o que importa é que, há um mês, fiz a consulta e só consegui marcar os exames para a semana passada. Agora, tenho que esperar mais dez dias para entregar os papéis no retorno e saber os próximos passos – e segurar a curiosidade de dar um Google nas expressões “nódulo eco-sei-lá-o-quê”, entre outras coisas. Mas, pra quem não conseguia sequer entrar em uma consulta há anos, o que são alguns dias, não é mesmo?

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