Roberta de Moraes: Entardecer a dois

Imagine andar de mãos dadas, caminhar por becos ou largas estradas, mas, juntos. A tal da dor e da alegria compartilhadas na melhor versão de nós dois.

Entregues!

A sensação de imortalidade não me cabe mais. A vida é breve, meu amor: te trago boas novas. Meu riso é solto, meu choro é pouco. Minha alma é nobre.

Pares de meias coloridas, nossas roupas penduradas no varal do tempo, olhares que convergem para o mesmo horizonte.

Novos pores de sol, chuva para nos lavar, água de nascente para beber da fonte. Ponte para cruzar os rumos.

Te convido a inundar-me com a tua ânsia de viver, pés descalços por solo sagrado, arado semeando as boas novas.

Semente a pulsar impregnada de vida.
Eu cuidar
ei do chão por onde caminha a sorte, de ti e das novas criaturas.

Foto: Arquivo pessoal da colunista

Crias em cópia fiel de nossos genes, tantas fotos espalhadas pela sala, gargalhadas infinitas ao entardecer.

E quando o silêncio for preciso que seja qual prece a embalar os sonhos. Qual graça que se ri de coisa tola.

Que de nossas janelas possamos desfrutar da paisagem que escolhemos pintar em tela branca. E que a história que escrevemos reverbere em corações imaturos, em cada ciclo da trilha que exija mais suor de nós, e em cada cena da vida, em que outros pares careçam de afeto.

Que de nossas bocas voem borboletas a transmutar nossos próprios casulos, e a possibilidade de sermos quem somos dissolva o gosto amargo daquilo que um dia chamamos de impossível.

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